Resumo
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A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é o distúrbio endócrino mais comumemmulheres entre amenarca e a menopausa. O hiperandrogenismo clínico é o critério diagnóstico mais importante da síndrome, que se manifesta como hirsutismo em70% dos casos. Portadores de SOP hirsutas têmelevado risco cardiovascular. O Lipid accumulation product (LAP) é um índice para a avaliação da acumulação de lípidos nos adultos e é um preditor de risco cardiovascular. O objetivo deste estudo é avaliar a associação entre LAP e hirsutismo em portadoras da SOP.
Estudo observacional transversal de banco de dados secundário, que incluiu 263 pacientes do Ambulatório de Hiperandrogenismo no período de novembro de 2009 a julho de 2014. Foram excluídas pacientes sem o índice de Ferriman-Gallwey e/ ou LAP. Foram utilizados como critérios diagnósticos da SOP os critérios de Rotterdam. Todas as pacientes foram submetidas à avaliação médica seguida da aferição e registro dos dados antropométricos e a realização dos seguintes exames laboratoriais: hormônio estimulante da tireoide (TSH), hormônio folículo estimulante (FSH), prolactina (PRL), Testosterona total, globulina ligadora dos hormônios sexuais (SHBG), 17-α- hidroxiprogesterona, (fase folicular), perfil lipídico, teste oral de tolerância à glicose, glico-hemoglobina a1C, insulina basal. Outras dosagens laboratoriais foram determinadas à critério clínico. O LAP e o HOMA-IR (homeostatic model assessment) foram calculados com os dados obtidos. As pacientes foram divididas em dois grupos: grupo das portadoras de SOP com LAP normal (LAp < 34,5) e grupo das portadoras de SOP com LAP alterado (LAP >34,5) para as comparações do hirsutismo. Para a análise estatística, foram utilizados os programas SPSS Statistics for Windows(r) e Microsoft Excel(r), sendo feitas análises descritivas (frequências, percentuais, médias, desviospadrão) e comparativas (t-Student e qui-quadrado). Foram consideradas relações significativas quando p-valor foi menor ou igual a 0,05.
O LAP foi elevado na maioria das pacientes (n = 177; 67,3%) e o índice de Ferriman-Gallwey (IF) demonstrou que 58,5% das pacientes (n = 154) eram hirsutas. A análise por quartis de LAP, demonstrou correlação positiva (p = 0,04) entre pacientes comIF elevado e LAP no quartil superior (>79,5) quando comparadas àquelas com LAP menor que 29,0 (quartil inferior).
O estudo demonstrou associação do LAP elevado e hirsutismo. O escore de Ferriman-Gallwey poderia representar uma ferramenta simples e de baixo custo para inferir risco cardiovascular aumentado em portadoras da síndrome.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2011;33(8):214-220
DOI 10.1590/S0100-72032011000800008
RESUMO As síndromes hiperandrogênicas englobam doenças que se manifestam através de um aumento da atividade biológica dos androgênios e podem ter origem em patologias neoplásicas ou funcionais. Os tumores ovarianos secretores de androgênios constituem cerca de 1% das neoplasias do ovário. O tumor de células esteroides é um dos tipos mais raros, sendo responsáveis por menos de 0,1% de todos os tumores ovarianos. São habitualmente benignos, de pequenas dimensões e unilaterais. Neste relato, apresenta-se o caso raro de um tumor unilateral de células esteroides. Paciente do sexo feminino, 60 anos, por hirsutismo, hipertorfia do clitóris e elevação dos níveis séricos de estradiol, com quatro meses de evolução. Apresentava níveis elevados de testosterona total e de 17-OH-Progesterona.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2009;31(1):41-47
DOI 10.1590/S0100-72032009000100008
O hirsutismo é definido como a presença de pelos terminais na mulher, em áreas anatômicas características de distribuição masculina. Pode se manifestar como queixa isolada ou ser acompanhada de outros sinais de hiperandrogenismo, virilização, distúrbios menstruais e/ou infertilidade, e está associado aos níveis circulantes de androgênios e à sensibilidade cutânea a estes hormônios. As causas mais prevalentes do hirsutismo são a síndrome dos ovários policísticos e o hirsutismo isolado, na presença de ciclos ovulatórios. Menos frequentes são as hiperplasias adrenais congênitas forma não-clássica por deficiência da 21-hidroxilase, bem como o hirsutismo secundário ao uso de medicamentos. Outras causas mais raras são a síndrome de Cushing e os tumores virilizantes. A avaliação diagnóstica deve focar na identificação da etiologia e do risco para comorbidades eventualmente associadas. Os objetivos do tratamento são: suprimir o excesso de androgênios, quando houver; bloquear a ação dos androgênios no folículo pilo-sebáceo; identificar pacientes com risco para distúrbios metabólicos e/ou de neoplasias do trato reprodutivo e proceder à sua prevenção primária e secundária.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2000;22(9):585-591
DOI 10.1590/S0100-72032000000900008
Objetivos: testar a atividade supra-renal por meio de um estímulo potente sobre sua camada reticular com o intuito de aferir a atividade da 3b-hidroxiesteróide desidrogenase (3beta-HSD) e da 21-hidroxilase (21OH). Métodos: concentrações plasmáticas de 17alfaOH-pregnenolona, 17alfaOH-progesterona, cortisol, progesterona, androstenediona, deidroepiandrosterona (DHEA), sulfato de deidroepiandrosterona (SDHEA) e testosterona livre foram determinadas em 39 mulheres, sendo 13 normais (2 utilizadas como piloto) e 26 com hirsutismo idiopático nos tempos 0, 12 e 24 horas após injeção de ACTH-depot. Resultados: entre as mulheres hirsutas, identificamos respostas que permitem indicar qualquer bloqueio nas diversas etapas da esteroidogênese, conduzindo ao diagnóstico de função supra-renal diminuída em graus leve/moderado. As concentrações de 17aOH-pregnenolona partiram de 2,0 para 24,6 ng/ml, as de cortisol aumentaram de 2,1 para 45,3 e 38,4mig/dL, as de 17alfaOH-progesterona sofreram incremento de 50,7 para 346 e 218 ng/dL e os níveis de progesterona se elevaram de 0,3 para 4,4 e 2,2 ng/ml. Entre os hormônios da camada reticular verificamos aumento do SDHEA de 274,7 para 495,5 e 505,8 ng/dL, os de androstenediona de 1,1 para 4,0 e 4,5 ng/mL, os de testosterona livre de 1,3 para 1,8 e 2,7 pg/mL e os de DHEA de 2,4 para 4,7 e 8,5 ng/mL. Na avaliação individualizada uma paciente revelou defeito de 3beta-HSD e duas outras, provável defeito de 21OH. Conclusões: estes achados sugerem que o teste com ACTH-depot pode ser utilizado para excluir a supra-renal como possível fonte hiperandrogênica em mulheres com hirsutismo, com ou sem anovulação crônica.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2001;23(5):307-312
DOI 10.1590/S0100-72032001000500006
Objetivo: avaliar a eficácia do Doppler colorido como método diagnóstico na síndrome dos ovários policísticos (SOP), mediante as variações do fluxo sangüíneo no estroma ovariano, nas artérias uterinas e no tecido subendometrial. Métodos: foram selecionadas trinta pacientes distribuídas em dois grupos: quinze com amenorréia ou oligomenorréia, hirsutismo (índice de Ferriman e Gallwey >8), índice de massa corporal IMC maior que 25 kg/m² e exame ecográfico que identificou estroma aumentado, hiperecogênico e policistose ovariana (grupo de estudo), e número idêntico de pacientes com ciclos menstruais normais, sem sinais de hirsutismo e ultra-sonografia normal (grupo controle). Com o uso da dopplerfluxometria transvaginal foram medidas a velocidade de pico sistólico ou velocidade máxima (Vmáx), índice de pulsatilidade (IP) e resistência dos vasos do estroma ovariano, da artéria uterina e do subendométrio. Resultados: a dopplervelocimetria mostrou Vmáx significativamente maior no estroma ovariano das pacientes com SOP (12,2 cm/s) (p<=0,0004) em relação ao grupo controle (8,5 cm/s). O IP da artéria uterina também se revelou muito superior no grupo com SOP (3,3 cm/s) em relação ao controle (2,7 cm/s). Outros parâmetros da dopplervelocimetria não evidenciaram diferença significativa. Ao estabelecermos um cutoff (ponto de corte) = 9 cm/s na amostragem para a Vmáx obtivemos os percentuais de 95,2 para sensibilidade, 80,0 para especificidade e de 83,3 para o valor preditivo positivo e 94,1 para o negativo. Com referência ao IP para um cutoff = 2.35 os testes revelaram: sensibilidade de 81,0%, especificidade de 50,0%, valor preditivo positivo de 63,0% e negativo de 71,4%. Conclusão: a dopplervelocimetria pode constituir subsídio a ser incorporado à investigação clínica e ultra-sonográfica no tocante ao diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos.