Resumo
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A trombocitopenia é a alteração da hemostase mais comum na gravidez. Contudo, a trombocitopenia grave é rara. Uma das suas causas, a púrpura trombocitopênica imunológica (PTI), é caracterizada pelo aumento da destruição plaquetária por anticorpos de imunoglobulina G (IgG), apresentando alto risco de hemorragia para a paciente e também para o feto, uma vez que os anticorpos podem atravessar a placenta. Apresentamos o caso de uma grávida de 23 anos com histórico de histiocitose de células de Langerhans da mandíbula submetida a cirurgia e quimioterapia aos 10 anos de idade, com diagnóstico de PTI desde então. Na 28a semana de gestação, a paciente apresentou um quadro de petéquias, epistaxe e hemorragia gengival, com contagem plaquetária de 3 x 109/L e teste de anticorpos antiplaquetários IgG positivo. Em uma discussão multidisciplinar, decidiu-se adiar a cesariana devido à ausência de sofrimento fetal e ao alto risco de morbidade para a paciente. Muitas terapêuticas foram tentadas sem sucesso. A IgG produziu apenas um ligeiro e transitório aumento na contagem plaquetária. Na 36ª semana de gestação, foi realizada uma cesariana eletiva. As transfusões no período perioperatório foram guiadas por tromboelastometria rotacional (ROTEM). O procedimento foi realizado sob anestesia geral e intubação assistida por videolaringoscopia. A paciente manteve-se hemodinamicamente estável, sem hemorragia significativa. Ela foi transferida para a unidade de terapia intensiva. A contagem plaquetária continuou a diminuir, e a paciente foi submetida a uma esplenectomia. Nestes casos, a anestesia regional pode ser contraindicada, e a anestesia geral está associada a um risco aumentado de hemorragia das via aéreas devido a lesão traumática durante a intubação traqueal e de hemorragia associada ao procedimento cirúrgico. Uma abordagem multidisciplinar é essencial em casos de alto risco.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(7):380-387
DOI 10.1590/S0100-72032006000700002
OBJETIVO: avaliar as causas de todas as mortes maternas ocorridas no período de 1927 a 2001 entre 164.161 pacientes, internadas no Serviço de Obstetrícia da Universidade Federal de Juiz de Fora. MG. MÉTODOS: estudo retrospectivo das 144 mortes maternas que ocorreram na maternidade em 75 anos, com um total de 131.048 nascidos vivos, utilizando todos os prontuários de pacientes, avaliados pela história clínica e dados da certidão de óbito (não foram realizadas necropsias). Foram registrados a idade, paridade, tempo de gestação, complicações, momento e causas de morte, estabelecendo-se o índice de mortalidade materna (IMM) hospitalar por cem mil nascidos vivos. Análise estatística pelo teste do chi2 e pela técnica de amortecimento exponencial (alfa =0,05). RESULTADOS: de 1927 a 1941 o IMM foi de 1544, entre 1942 e 1956 houve redução para 314 (p<0,001) e de 1957 a 1971 decresceu para 76,4 por cem mil nascidos vivos (p<0,001). No entanto, desde 1972 tem se mantido estável (IMM=46 nos últimos 15 anos, p=0,139). As mortes maternas mais freqüentes ocorreram entre 15 e 39 anos, em nulíparas com gestação a termo, e no puerpério imediato (53%). Causas obstétricas diretas foram responsáveis por 79,3% dos casos e indiretas em 20,7%. Analisando as causas de mortes, verificou-se que no primeiro período as causas obstétricas diretas mais freqüentes em ordem decrescente, foram a infecção puerperal, eclampsia e ruptura uterina intraparto; no segundo período, foram a hemorragia pré-parto e eclampsia, e entre 1977 e 2001, as hemorragias, abortos e pré-eclampsia. A análise dos últimos 15 anos mostrou que não houve morte por pré-eclampsia/eclampsia nem infecção puerperal e as principais causas foram hemorragia periparto, aborto e obstétricas indiretas. Relacionando a mortalidade materna por tipo de parto pelo risco relativo associado à cesárea e/ou parto vaginal, verificou-se que, quando a cesárea é indicação inevitável, o risco a ela associado é menor (risco relativo = 0,6) que o de parto por via vaginal. CONCLUSÕES: apesar da redução ao longo dos 75 anos, a mortalidade materna, de 46 por 100 mil nascidos vivos, ainda é muito elevada, não havendo decréscimo significativo desde 1972, e muitas mortes são evitáveis. Hemorragias são atualmente as causas mais freqüentes de morte materna. A mortalidade materna por aborto tem aumentado de maneira alarmante e o planejamento familiar efetivo é indispensável.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(5):289-292
DOI 10.1590/S0100-72032005000500010
Os pólipos endometriais são lesões benignas, com baixo potencial de malignização. No período reprodutivo seu diagnóstico é obtido nas pacientes sintomáticas, com sangramento uterino anormal ou infertilidade. Na pós-menopausa em sua maioria são assintomáticos, podendo estar associados a sangramento anormal em torno de um terço dos casos. São mais freqüentes na pós-menopausa e os fatores de risco para câncer de endométrio não têm sido associados da mesma maneira, como de risco para pólipos endometriais, embora sejam hormônio-dependentes, como nas pacientes usuárias do tamoxifeno, por exemplo. Seu diagnóstico definitivo é realizado pelo exame histológico com amostra obtida de maneira mais eficiente por biópsia dirigida por meio da histeroscopia, assim como seu tratamento mais efetivo é a ressecção histeroscópica. Pólipos podem apresentar recorrência após tratamento. A polipectomia é altamente satisfatória na pós-menopausa, tem menor taxa de sucesso em mulheres sintomáticas no período reprodutivo e melhora as taxas de fertilidade em mulheres inférteis.