Resumo
. ;:180-187
Avaliar a efetividade da metformina na incidência de diabetes mellitus gestacional (DMG) em gestantes obesas de uma maternidade pública de Joinville, Santa Catarina, Brasil.
Ensaio clínico randomizado desenvolvido comgestantes obesas comíndice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2, divididas em dois grupos (controle emetformina). Ambos os grupos receberamorientação sobre dieta e exercício físico. As participantes foram avaliadas em dois momentos, o primeiro na inclusão (com idade gestacional≤ 20 semanas) e o segundo entre 24 e 28 semanas de gestação. Os desfechos avaliados foram IMC e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional (DMG). A distribuição dos dados foi avaliada com o teste de Friedman. Para todos os modelos analíticos, foram considerados significativos os valores de p inferiores a 0,05. Foi estimada também a redução absoluta de risco.
Foram avaliadas 164 gestantes, divididas em 82 participantes em cada grupo. Não houve diferença significativa na variação do IMC entre os grupos controle e metformina (0,9 ± 1,2 versus 1,0 ± 0,9, respectivamente, p = 0,63). O DMG foi diagnosticado em 15,9% (n = 13) das pacientes alocadas para o grupo metformina e 19,5% (n = 16) das incluídas no grupo controle (p = 0,683). A redução absoluta de risco foi de 3,6 (intervalo de confiança de 95% 8,0-15,32) no grupo metformina, o que não foi significativo.
A metformina não foi eficaz em reduzir o IMC e prevenir o DMG em gestantes obesas.
Resumo
. ;:163-167
Melanomas do trato ginecológico podem ocorrer na vulva, vagina, ovário ou cérvix. A gravidez é considerada um fator agravante na evolução e prognóstico do melanoma. Uma mulher de 35 anos de idade apresentou sangramento vaginal 2 meses após o parto por cesariana a termo. Uma ultrassonografia endovaginal mostrou lesão no colo uterino. O exame anatomopatológico mostrou uma pequena neoplasia de células redondas, e a imuno-histoquímica confirmou o diagnóstico de melanoma maligno. A tomografia por emissão de pósitrons mostrou lesão hipermetabólica expansiva centrada no colo do útero,e lesões hipermetabólicas no fígado e no rim direito. O tratamento não cirúrgico foi feito com bioquimioterapia seguida de ipilimumab e nivolumab. A paciente morreu um ano depois. Sangramentos vaginais pós-parto,mesmo que tardios,devem ser investigados,pois podem ser um melanoma maligno associado à gravidez, o qual tem um mau prognóstico.
Resumo
. ;:647-652
Determinar a biometria cervical em gestantes entre a 18ª e 24ª semanas, e ainda a forma ideal de mensuração do comprimento do colo uterino em casos de morfologias curva e reta.
Foram realizadas avaliações ultrassonográficas via vaginal dos colos uterinos de 752 gestantes de baixo risco em um estudo prospectivo transversal. Nos colos uterinos retos a biometria cervical foi feita de forma contínua, enquanto nos colos uterinos curvos, a biometria foi realizada de duas formas, contínua e fracionada (em segmentos unindo os orifícios do colo). Para avaliar a correlação entre o comprimento do colo uterino e a idade gestacional, foram criados modelos de regressão polinomial. Para se comparar a técnicas de medida do colo uterino, utilizou-se o teste t-Student pareado.
A biometria do colo uterino não variou de forma significativa com a idade gestacional, sendo melhor representada por uma regressão linear (R2 = 0,0075 na forma contínua, e R2 = 0,0017 na forma fracionada, respectivamente). Observamos que até a 21ª semana houve predominância de colos curvos (58,9%), porém após esta idade gestacional a morfologia retilínea predominou (54,2%). Houve diferença estatisticamente significativa entre a forma de mensuração contínua e fracionada em todas as idades gestacionais avaliadas (p < 0,001).
A expressão da biometria cervical em gestantes entre 18 e 24 semanas é praticamente uma reta, independente da forma de mensuração. A forma ideal de medida é por ultrassonografia transvaginal realizada em idade gestacional 21 semanas.
Resumo
. ;:348-355
Identificar os fatores epidemiológicos de risco para anomalias congênitas (ACs) e o impacto destas malformações fetais sobre os resultados perinatais.
Este estudo de coorte prospectivo compreendeu 275 mulheres cujos fetos tinham ACs. Variáveis maternas para estabelecer potenciais fatores de risco para cada grupo de AC e resultados perinatais foram avaliados. O desfecho primário foi CAs. Os desfechos secundários incluíram: restrição de crescimento fetal (RCF); sofrimento fetal (SF); ruptura prematura de membranas (RPM); oligo-hidrâmnio ou polidrâmnio; parto pré-termo (PPT); morte fetal; parto cesárea; baixo peso ao nascer; índice de Apgar < 7 no 1° e 5° minutos; necessidade de ventilação assistida no momento do nascimento; infecção neonatal; necessidade de tratamento cirúrgico; óbito neonatal precoce; e tempo de internação. Teste de Qui-quadrado (x2) e análise de regressãomúltipla foram aplicados para comparar os resultados entre os grupos e determinar os efeitos das características maternas sobre a incidência de ACs.
A prevalência geral de ACs foi de 2.4%. Várias características maternas foram associadas às ACs, tais como: idade; cor da pele; escolaridade; paridade; suplementação com ácido fólico; tabagismo; e histórico de aborto anterior. Não houve diferenças significativas entre os grupos de ACs com relação à RCF, SF, RPM, índice de Apgar < 7 no 1°minuto e necessidade de ventilação assistida no nascimento. Por outro lado, a prevalência dos demais resultados adversos considerados variou significativamente entre os grupos. O parto pré-termo foi significativamente mais frequente nos casos de defeitos do trato gastrointestinal/parede abdominal. As taxas de óbito fetal foram elevadas em todos os grupos de ACs, principalmente na hidropsia fetal isolada (odds ratio [OR]: 27.13; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 2.90-253.47). O tempo de internação foi maior nos casos de anomalias do trato urinário e nas cardiopatias congênitas (p < 0,01). O óbito neonatal foi significativamente menos frequente no grupo de anomalias do sistema nervoso central.
Foi possível identificar vários fatores de risco para ACs. Resultados perinatais adversos foram observados em todos os grupos de ACs, e podem diferir de acordo com o tipo de AC considerada.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(1):27-34
Verificar diferenças em alguns aspectos nutricionais de gestantes acompanhadas em serviço de atenção pré-natal em uma cidade do interior e na região metropolitana.
Foram avaliadas gestantes em atendimento pré-natal na cidade de Belo Horizonte (BH), região metropolitana, e Paula Cândido (PC), interior de MG. Aplicou-se um Questionário de Frequência Alimentar (QFA) contendo informações socioeconômicas e sobre o hábito alimentar, além disso, foramaferidos peso e altura nomomento do atendimento e questionado o peso pré-gestacional, para posterior cálculo do IMC (índice de massa corpórea). A análise dos dados foi dividida por região e trimestre gestacional, utilizando o software SPSS versão 15.0, teste t para comparação de médias e qui-quadrado de independência, com 5% de significância.
Foram incluídas 240 gestantes, sendo 90 do interior e 150 da região metropolitana. Destas, a maioria são casadas (BH = 56,6%; PC = 46,6%), não trabalham fora de casa (BH = 54,6%; PC = 84,4%), predominantemente se alimentam 3 a 4 vezes ao dia no 1° e 2° trimestre (BH = 54,0 e 46,0%; PC = 66,7 e 63,3%, respectivamente) e fazem 5 a 6 refeições ao dia no 3° trimestre em BH (44%). Houve ganho de peso significativo somente no 1° trimestre (BH: 58,0%; PC: 53,33%). Ganho de peso versus hábito alimentar foi significativo para as variáveis "almoça ou janta fora de casa," no 1° trimestre BH (p = 0,006); "quantas vezes consome leite," no 1° trimestre PC (p = 0,03); "quantas vezes consome fastfood," no 3° trimestre BH (p = 0,009).
As gestantes emambas regiões se alimentam de forma adequada, apesar da prevalência de sobrepeso pré-gestacional em BH e baixo nível de escolaridade e renda, principalmente no interior, indicador que pode ser pouco favorável à nutrição das gestantes neste período. Estudos de associação entre hábito alimentar e saúde do recém-nascido irão contribuir para maiores informações sobre a nutrição no período gestacional.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(12):571-577
DOI 10.1590/S0100-720320150005419
Avaliar fatores nutricionais e psicológicos associados com a ocorrência da prática da picamalácia em gestantes atendidas em maternidade pública do Rio de Janeiro, Brasil.
Estudo descritivo, de caráter exploratório, realizado com 13 gestantes (idades entre 16 e 40 anos) com diagnóstico de picamalácia na gestação atual identificada em entrevista padronizada na consulta com nutricionista que abordava questões sobre ocorrência e frequência do transtorno, além dos tipos de substâncias ingeridas. Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), todas as gestantes passaram por avaliação nutricional e, posteriormente, sete foram submetidas à avaliação psicológica com instrumentos padronizados para medida de ansiedade e estresse, além da avaliação de estratégias de enfrentamento (coping ) diante de estressores.
As práticas de picamalácia mais referidas foram pagofagia (30,8%) e fruta com sal (30,8%). Observou-se ocorrência de algum grau de estresse e ansiedade em todas as gestantes com picamalácia, assim como alguma comorbidade (69,2%) e sintomatologia digestiva (84,6%). As estratégias decoping mais prevalentes foram "focada em práticas religiosas/pensamento fantasioso" e "busca de suporte social", ambas com 42%.
Considerando que a picamalácia pode associar-se com maior risco perinatal, é fundamental que essa prática seja investigada durante o atendimento pré-natal e que ocorra a adoção de práticas preventivas obstétricas, psicológicas e nutricionais para reduzir complicações para a mãe e o concepto.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(5):229-232
DOI 10.1590/SO100-720320150005295
Comparar a frequência do resultado citopatológico de ASCUS em mulheres gestantes e não gestantes, estratificadas em grupos etários.
Foram analisados 1.336.180 resultados de exames citopatológicos realizados de forma oportunística, no período entre 2000 e 2009 (10 anos) com a finalidade de rastreamento do carcinoma do colo do útero. Foram feitas comparações entre gestantes e não gestantes, com estratificação das amostras em três grupos etários (20-24, 25-29 e 30-34 anos). Foi utilizado o teste do χ2 e a medida da magnitude da associação foi analisada por valores estimados de Odds Ratio (OR) com intervalo de confiança de 95% (IC95%).
Ao total, 447.489 amostras foram excluídas com base nos critérios adotados, totalizando uma amostra final de 37.137 mulheres gestantes e 851.554 não gestantes. O resultado citopatológico de ASCUS foi detectado em 1,2% dos casos, havendo diferença significante entre gestantes e não gestantes nas faixas etárias entre 20-24 anos (OR=0,85; IC95% 0,75-0,97) e 25-29 anos (OR=0,78; IC95% 0,63-0,96). Não houve diferença no grupo entre 30-34 anos (OR=0,76; IC95% 0,57-1,03).
Este estudo sugeriu que mulheres não gestantes apresentam maior prevalência de ASCUS, mais evidente no grupo etário de 20 a 29 anos. A coleta do exame citopatológico não deve ser um exame compulsório na rotina do pré-natal.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(3):133-139
DOI 10.1590/SO100-720320150005132
O objetivo do presente estudo foi determinar a frequência cardíaca fetal (FCF) enquanto gestantes realizavam exercícios de força para os membros superiores e inferiores, com dois volumes diferentes, e 25 minutos pós-exercício.
Dez gestantes (22-24 semanas, 25,2±4,4 anos, 69,8±9,5 kg, 161,6±5,2 cm) realizaram as seguintes sessões experimentais com 22-24, 28-32 e 34-36 semanas de gestação: A Sessão 1 foi a familiarização com os equipamentos e determinação de uma repetição máxima estimada. Para as Sessões 2, 3, 4 e 5, foi determinada a FCF durante a execução do exercício de força nos equipamentos extensão de joelhos bilateral e voador, com 1 e 3 séries de 15 repetições e carga de 50% de uma repetição máxima estimada. A FCF foi avaliada com um cardiotocógrafo digital portátil. Os resultados foram analisados com teste t de Student, ANOVA com medidas repetidas e Bonferroni (α=0,05; SPSS 17.0).
A FCF não demonstrou diferença significativa entre os exercícios com 22-24 semanas (extensão de joelhos bilateral=143,8±9,4 bpm, voador=140,2±10,2 bpm, p=0,34), 28-30 semanas (extensão de joelhos bilateral=138,4±12,2 bpm, voador=137,6±14,0 bpm, p=0,75) e 34-36 semanas (extensão de joelhos bilateral=135,7±5,8 bpm, voador=139,7±13,3 bpm, p=0,38), entre os volumes (extensão de joelhos bilateral com 22-24 semanas: p=0,36, 28-30 semanas: p=0,19 e 34-36 semanas: p=0,87; voador com 22-24 semanas: p=0,43, 28-30 semanas: p=0,61 e 34-36 semanas: p=0,49) e 25 minutos pós-exercícios.
Os resultados deste estudo piloto podem sugerir que o exercício de força materno é seguro para o feto.