Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2008;30(9):459-465
DOI 10.1590/S0100-72032008000900006
OBJETIVO: avaliar o efeito de variáveis maternas, socioeconômicas e obstétricas, assim como a presença de incisuras na 20ª e na 24ª semana, sobre o peso fetal estimado no final da gravidez (36ª semana) em gestantes atendidas pelo Programa Saúde da Família em uma cidade do interior do Nordeste do Brasil. MÉTODOS: estudo longitudinal incluindo 137 gestantes. As gestantes foram acompanhadas a cada quatro semanas para aferição das condições clínicas, socioeconômicas e obstétricas, incluindo o peso materno. As artérias uterinas foram avaliadas pelo Doppler na 20ª e 24ª semana, o peso fetal e o índice de líquido amniótico (ILA) foram determinados na 36ª semana. O estado nutricional materno inicial foi determinado pelo índice de massa corpórea (IMC), classificando-se as gestantes como com baixo peso, eutróficas, com sobrepeso e obesas. O ganho ponderal durante a gestação foi avaliado de acordo com o estado nutricional inicial, sendo ao final do segundo e terceiro trimestre classificado em ganho ponderal insuficiente, adequado e excessivo. Foi realizada análise de variância para avaliar a associação do peso fetal estimado na 36ª semana com as variáveis preditoras, ajustada por regressão linear múltipla. RESULTADOS: observou-se associação entre peso fetal estimado na 36ª semana e idade da mãe (p=0,02), trabalho materno (p=0,02), estado nutricional inicial (p=0,04), ganho ponderal no segundo trimestre (p=0,01), presença de incisuras nas artérias uterinas (p=0,02) e ILA (p=0,007). Os principais fatores associados ao peso fetal estimado na 36ª semana, após a análise de regressão múltipla, foram: IMC no início da gravidez, ganho ponderal no segundo trimestre, ILA e tabagismo. CONCLUSÕES: o peso fetal no presente estudo associou-se positivamente ao estado nutricional materno inicial, ao ganho ponderal no segundo trimestre, ao volume do líquido amniótico e negativamente ao hábito de tabagismo.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2008;30(1):5-11
DOI 10.1590/S0100-72032008000100002
OBJETIVO: estudar o valor da dopplervelocimetria do ducto venoso (DV) entre a 11º e a 14º semanas de gestação, associado à medida da translucência nucal (TN), na detecção de resultado fetal adverso. MÉTODOS: foram estudados 1.268 fetos consecutivamente. Em 56 casos, realizou-se estudo citogenético no material obtido, por meio de biópsia de vilosidade coriônica e, em 1.181 casos, o resultado teve como base o fenótipo do recém-nascido. Todos os fetos foram submetidos, além da ultra-sonografia de rotina, à medida da TN e à dopplervelocimetria do DV. Trata-se de um estudo transversal e prospectivo. Foram calculados e analisados, para fins de prevalência e índices de acurácia: sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN), probabilidade de falso-positivo (PFP), probabilidade de falso-negativo (PFN), razão de probabilidade positiva e razão de probabilidade negativa. RESULTADOS: do total de 1.268 fetos, foram selecionados para análise 1.183 casos. Deste total, 1.170 fetos eram normais (98,9%) e 13 fetos tiveram resultado fetal adverso ao nascimento (1,1%) - incluindo morte fetal (trissomia 21 e 22) em dois casos, síndrome genética (Nooman) em um caso, fetos polimalformados em dois casos, cardiopatia em três casos e outros defeitos estruturais em cinco casos. A prevalência do DV alterado (onda A zero/reversa) na população estudada foi de 14 casos (1,2%), com taxa de falso-positivo de 0,7%. CONCLUSÕES: há correlação significativa entre alteração da dopplervelocimetria do DV e a medida da TN, como marcadores ultra-sonográficos de primeiro trimestre, na detecção de resultado fetal adverso, especialmente para malformações graves. O Doppler do DV foi capaz de diminuir o resultado falso-positivo, comparativamente ao uso isolado da TN, melhorando consideravelmente o VPP do teste.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2007;29(3):147-152
DOI 10.1590/S0100-72032007000300006
OBJETIVO: avaliar a resistência vascular da artéria central da retina, por meio do fluxo Doppler, nas diferentes fases do ciclo menstrual ovulatório. MÉTODOS: estudo observacional, longitudinal e prospectivo com avaliação de 34 mulheres saudáveis, submetidas a estudo dopplerfluxométrico do fundo do olho para avaliação da resistência vascular da artéria central da retina nas posições sentada e deitada, durante quatro fases do ciclo menstrual: fase folicular inicial, fase folicular média, fase periovulatória e fase lútea média. A confirmação da ovulação no ciclo de estudo foi feita pela dosagem de progesterona sérica na fase lútea média. Foram avaliados os índices de pulsatilidade (IP) e de resistência, e as velocidades máxima, mínima e média. RESULTADOS: a idade média foi de 29,7 anos. Não foram observadas diferenças entre os índices obtidos para ambos os olhos; assim, utilizamos as médias dos índices para realizar o cálculo estatístico. Quando comparadas às posições de realização do exame, detectou-se um IP maior na posição sentada; assim, as análises foram avaliadas em separado, respeitando-se a posição da paciente. O IP da artéria central da retina, avaliado com a paciente deitada, variou durante o ciclo menstrual, apresentando-se significativamente mais baixo nas fases folicular média (1,5±0,3) e periovulatória (1,5±0,3) quando comparadas às fases folicular precoce (1,7±0,4) e lútea média (1,7±0,4). Quando a avaliação foi feita com a paciente sentada não foram observadas diferenças para as diferentes fases do ciclo. CONCLUSÕES: num ciclo menstrual ovulatório ocorre diminuição da resistência vascular na artéria central da retina e posterior reversão do efeito, como demonstrado pelas variações do IP.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(9):545-550
DOI 10.1590/S0100-72032006000900007
OBJETIVO: avaliar a força muscular do assoalho pélvico e os vasos periuretrais de mulheres na pós-menopausa, antes e após seis meses de uso contínuo de extrato de soja. MÉTODOS: estudo prospectivo com 30 mulheres na pós-menopausa antes e após o uso de extrato de soja (100 mg/dia) durante seis meses consecutivos. Foram investigadas a perda urinária e a força muscular do assoalho pélvico por perineômetro digital e avaliação funcional. Avaliou-se ainda o número de vasos da região peri-uretral pela dopplervelocimetria. Para comparar os resultados antes e após tratamento, utilizou-se o teste pareado t de Student. RESULTADOS: das 30 mulheres analisadas, 20 referiram alguma forma de perda urinária no inicio do experimento. A melhora deste sintoma ocorreu em 15 (75%) mulheres após o tratamento. A medida da pressão vaginal (força muscular do assoalho pélvico) foi 12,9±1,7 e 15,8±1,8 Sauers, respectivamente, antes e após o tratamento (p<0,001). Observou-se aumento da pressão em 22 (73,3%) mulheres no final do estudo. Na avaliação funcional, verificou-se que 12 mulheres não sofreram alteração da função muscular do assoalho pélvico, ou seja, 18 (60%) tiveram aumento da força muscular. Pelo exame ultra-sonográfico (Doppler) obtivemos no início do experimento 2,20±0,15 vasos sanguíneos/campo, passando para 3,4±0,2 vasos sanguíneos/campo ao final do experimento (p<0,001). Em 21 mulheres (70%) registrou-se aumento do número dos vasos peri-uretrais após os seis meses de tratamento. CONCLUSÃO: ressalta-se que são resultados preliminares, havendo necessidade de outras investigações com número maior de participantes em estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. Contudo, o tratamento com extrato de soja, por seis meses consecutivos, determinaria aumento da força muscular do assoalho pélvico e do número de vasos peri-uretrais em mulheres na pós-menopausa.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(6):340-344
DOI 10.1590/S0100-72032006000600004
OBJETIVO: avaliar as repercussões ultra-sonográficas do tabagismo materno na placenta, com ênfase no seu grau de maturação (calcificação), e correlacionar estes achados com o padrão hemodinâmico útero-placentário com uso da doplervelocimetria das artérias uterinas e umbilicais. MÉTODOS: estudo prospectivo do tipo coorte envolvendo 244 gestantes, sendo 210 não-fumantes e 34 fumantes. Cada paciente submeteu-se a quatro exames ecográficos sendo o primeiro até a 16ª semana, para datar a gestação. Subseqüentemente, na 28ª, 32ª e 36ª semana, foram efetivadas novas ultra-sonografias para biometria fetal, avaliação da ecotextura placentária e estudo doplerfluxométrico das artérias uterinas e umbilicais. O achado ultra-sonográfico de placenta grau III antes da 36ª semana foi considerado como calcificação precoce. Para análise estatística foram aplicados os testes do chi2 e o exato de Fisher na avaliação comparativa dos graus placentários, e o teste de Mann-Whitney para o índice de resistência das artérias uterinas e umbilicais. RESULTADOS: não foram observadas diferenças significantes na freqüência de placenta grau III e no índice de resistência das artérias uterinas entre as fumantes e não fumantes, nas diferentes idades gestacionais. O índice de resistência da artéria umbilical na 32ª semana foi significantemente maior nas tabagistas (0,64 versus 0,61, p<0,05). CONCLUSÕES: não se evidenciou associação do tabagismo com aceleração da maturação placentária. Neste estudo o vício de fumar esteve associado a alterações vasculares da circulação útero-placentária apenas na 32ª semana de gravidez.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(4):238-243
DOI 10.1590/S0100-72032006000400006
OBJETIVO: avaliar a associação da relação sístole ventricular/atrial (S/A) do ducto venoso (DV) com resultados perinatais em fetos prematuros com centralização de fluxo à dopplervelocimetria. MÉTODOS: o estudo foi delineado como um estudo observacional, transversal, com os dados colhidos de forma prospectiva. A relação S/A do DV foi estudada em 41 fetos centralizados com idade gestacional (IG) entre 25 e 33ª semana completa, no período de novembro de 2002 a julho de 2005. Os recém-nascidos foram acompanhados até o 28º dia pós-parto na UTI da Clínica Perinatal Laranjeiras, buscando-se complicações neonatais. A população de estudo foi dividida em dois grupos a partir do resultado do DV. Foram incluídos no grupo normal os fetos com relação S/A menor ou igual a 3,6 e no grupo alterado aqueles com valores de S/A maiores que 3,6. A comparação entre os grupos foi realizada com os testes estatísticos de Mann-Whitney, chi2 e exato de Fisher. Todos os resultados foram considerados estatisticamente significativos se p<0,05. Foram avaliados a IG ao nascimento, peso ao nascer e índice de Apgar menor que 7 no 5º minuto. Os parâmetros perinatais avaliados foram: natimortalidade, neomortalidade, convulsão, hemorragia intraventricular, necessidade de surfactante, uso de respirador, disfunção miocárdica, enterocolite necrotizante e permanência na UTI após o período neonatal. RESULTADOS: dos 41 fetos incluídos, 26 (63,4%) não apresentaram alteração da relação S/A do DV, ao passo que 15 (36,6%) fetos cursaram com a relação S/A do DV alteradas (>3,6). Não houve diferença significativa entre os grupos quanto à IG ao nascimento e Apgar <7. Encontrou-se associação significante entre o grupo com DV alterado e mortalidade neonatal (p=0,049; teste exato de Fisher). Quanto às demais variáveis estudadas não foi observada diferença entre os dois grupos. CONCLUSÃO: os nossos resultados sugerem que a anormalidade do fluxo no DV detectada pela dopplervelocimetria não está associada a resultados perinatais adversos, além da mortalidade neonatal. Esta associação pode ser considerada estatisticamente significante, porém com valor próximo ao limite (p=0,049). Quando excluídos os fetos com peso de nascimento inferior a 400 gramas, não é mais observada a associação entre o DV e neomortalidade (p=0,37). A alteração da relação S/A do DV não apresentou, em nossa amostra, associação com mortalidade perinatal em fetos prematuros viáveis.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(3):137-142
DOI 10.1590/S0100-72032005000300007
OBJETIVO: avaliar se existem diferenças entre índices os ovários dopplervelocimétricos em função do local de insonação da artéria cerebral média em pacientes saudáveis comparando-as a outro grupo com intercorrências. MÉTODOS: estudo prospectivo, randomizado, desenvolvido no período de junho de 2003 a março de 2004. Foram analisados os índices doplervelocimétricos de 100 pacientes: grupo de estudo (GE, n=50): pacientes internadas tendo como critérios de inclusão: estar entre a 28ª e a 34ª semana de gestação e diagnóstico de hipertensão arterial crônica materna, pré-eclampsia ou restrição de crescimento intra-uterino (CIUR). Como grupo controle (GC), 50 pacientes saudáveis, grávidas entre a 28ª e a 34ª semana. As variáveis doplervelocimétricas analisadas foram o índice de resistência (IR), o índice de pulsatilidade (IP) e a relação sístole/diástole (SD). Todos os três índices foram obtidos e em dois locais diferentes: a primeira medida em região do diencéfalo, logo após o início da artéria cerebral média, e a segunda em localização mais distal, no telencéfalo. RESULTADOS: As medianas dos índices no GE na primeira e segunda medida foram respectivamente para o IP de 1,55 e 1,69; para o IR de 0,77 e 0,79; para o SD de 4,29 e 4,86. No GC os valores foram para o IP de 1,73 e 1,86; para o IR de 0,83 e 0,79 e para o SD de 5,83 e 5,46. Não houve diferenças entre os locais, com valor p de 0,38; 0,29 e 0,39, respectivamente para o IP, IR e SD. Em 15 fetos centralizados, a mediana dos índices no diencéfalo foi IP=1,02; IR=0,63 e SD=2,68. No telencéfalo a mediana foi IP=0,95; IR=062 e SD=2,44. Não houve diferenças entre os dois locais, com valor p de 0,53 para o IP; 0,56 para o IR e 0,31 para o SD. CONCLUSÃO: O local de insonação não interfere nos valores dos índices de doplervelocimetria nas artérias cerebrais médias.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(9):534-540
DOI 10.1590/S0100-72032005000900006
OBJETIVOS: avaliar o desempenho de diversas características ultra-sonográficas morfológicas (12) e doplervelocimétricas (7), para detecção de metástases linfonodais em mulheres com câncer de mama. MÉTODOS: foram incluídas 179 mulheres (181 axilas), entre janeiro e dezembro de 2004. Os exames ultra-sonográficos foram realizados com transdutor linear em tempo real (Toshiba-Power Vision-6000 (modelo SSA-370A)). Para o estudo de parâmetros morfológicos foram utilizadas freqüências entre 7,5 e 12 MHz. Para os parâmetros Doppler foi utilizada freqüência de 5 MHz. Subsequentemente, as pacientes foram submetidas a axilectomia dos níveis I, II e III (158) ou à técnica do linfonodo sentinela (23). Foram calculadas a sensibilidade, a especificidade e os valores preditivos positivo e negativo para cada parâmetro. Para a associação de parâmetros foi utilizada a árvore de decisão. Foram estabelecidos os valores de corte para as variáveis contínuas por meio da curva ROC. RESULTADOS: ao exame ultra-sonográfico foi identificado pelo menos um linfonodo axilar em 173 (96%) exames. O exame histológico detectou metástase linfonodal em 87 mulheres (48%). As melhores sensibilidades dos critérios morfológicos foram encontradas com o volume (62%), diâmetro ântero-posterior (62%) e local do centro ecogênico (56%). Embora a especificidade da invasão da gordura adjacente (100%), regularidade das margens (92%) e da ecotextura do parênquima (99%) tenham sido elevadas, a sensibilidade destes parâmetros foi muito baixa. Nenhum critério dopplervelocimétrico alcançou 50% de sensibilidade. A árvore de decisão selecionou a localização do centro ecogênico, a ecotextura do parênquima e a regularidade das margens como melhor associação de parâmetros. CONCLUSÃO: o estadiamento dos linfonodos axilares por método não invasivo ainda é um objetivo não alcançado no tratamento das pacientes com câncer de mama.