Resumo
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Avaliar a perda de seguimento de adolescentes vítimas de violência sexual após o atendimento de emergência, durante o seguimento ambulatorial e as variáveis associadas.
Estudo retrospectivo com a revisão de prontuários de 521 mulheres de 10 a 18 anos, que buscaram atendimento de emergência em um serviço de referência em São Paulo, Brasil. As variáveis foram sociodemográficas; antecedentes pessoais; características do abuso, atitude de revelação e reações desencadeadas após o abuso (distúrbios físicos, mentais e mudanças sociais), necessidades de prescrição de psicotrópicos e momento do abandono: após atendimento de emergência e antes de completar 6 meses de seguimento ambulatorial. Para comparar os grupos de perda de seguimento em cada momento, foram utilizados os testes do qui-quadrado e exato de Fisher, seguidos de regressão logística múltipla com critério stepwise para seleção das variáveis associadas. Calculamos a razão de probabilidade com intervalo de confiança (RP, IC 95%). O nível de significância adotado foi de 5%.
Um total de 249 (47,7%) das adolescentes descontinuaram o acompanhamento, 184 (35.3%) após o atendimento de emergência e 65 (12.4%) antes de completar o seguimento ambulatorial. As variáveis de viver com companheiro [RP = 5,94 (IC 95%; 2,49–14,20]; não ter religião [RP = 2,38 (IC 95%;1,29–4,38)], ter religião católica [RP = 2,11 (IC 95%; 1,17–3,78)] e não revelar o abuso [RP = 2,07 (IC 95%; 1,25–3,44)] foram associadas à perda de seguimento após o atendimento de emergência. Não necessitar de cuidados de saúde mental (RP = 2,72 [IC 95%; 1,36–5,46]) ou apoio social (RP = 2,33 [IC 95%; 1,09–4,99]) foram as variáveis associadas à perda do seguimento ambulatorial.
Medidas para melhorar a adesão ao seguimento devem ser direcionadas às adolescentes que vivem com parceiro e às que não revelam a violência sofrida.
Resumo
. ;:47-54
Avaliar a assistência prestada às mulheres vítimas de violência sexual e seu acompanhamento após o evento traumático, caracterizando o perfil sociodemográfico, antecedentes ginecológicos e circunstâncias do evento, além de relatar a aceitação e os efeitos colaterais da profilaxia para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e a ocorrência de gravidez resultante da violência sexual.
Estudo de coorte retrospectivo compreendendo o período entre 2007 e 2016. Foram incluídas todas as mulheres em acompanhamento médico e clínico após episódio de violência sexual. Foram excluídos registros de violência doméstica, vítimas do sexo masculino e crianças e adolescentes que relataram atividade sexual consensual. O estudo incluiu estatísticas descritivas, com frequências e percentuais.
Foram revisados 867 prontuários e 444 casos de violência sexual foram incluídos. A faixa etária foi 10 a 77 anos; a maioria das vítimas se autodeclarou branca, com entre 4 e 8 anos de escolaridade, e negou ter um parceiro sexual fixo. A violência sexual ocorreu predominantemente à noite, em via pública, por um agressor desconhecido. A maioria foi atendida no serviço de referência em até 72 horas após a violência, possibilitando profilaxias preconizadas. Houve alta aceitação da terapia antirretroviral (TARV), embora metade das usuárias relatasse efeitos colaterais. A soroconversão para o vírus da imunodeficiência humana (HIV, na sigla em inglês) ou para o vírus da hepatite B (HBV, na sigla em inglês) não foi detectada entre as vítimas.
Nesta coorte, o perfil das vítimas de violência sexual foi de mulheres brancas, de baixa escolaridade, e jovens. O evento traumático ocorreu predominantemente à noite, em via pública, por um agressor desconhecido. A assistência nas primeiras 72 horas após a violência sexual permite que o serviço de saúde realize intervenções profiláticas contra ISTs e gravidez indesejada.
Resumo
. ;:547-554
Caracterizar o perfil sociodemográfico de mulheres vítimas de violência sexual atendidas em um hospital universitário da região Sul do Brasil.
Estudo transversal de todas as mulheres atendidas na unidade de vítimas de violência sexual do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) entre 18 de abril de2000 a 31 de dezembro de 2017. Os dados foram extraídos a partir do registro eletrônico de um questionário padronizado envolvendo aspectos epidemiológicos da vítima, do agressor e do tipo de agressão. O teste qui-quadrado foi empregado para tendência e estatística descritiva com 95% de intervalo de confiança (IC) foram utilizados para análise estatística.
Foram atendidas 711 mulheres vítimas de violência sexual. A média da idade das pacientes foi de 24,4 (±10) anos, sendo que a maioria das vítimas era branca (77,4%), solteira (75,9%) e buscou atendimento na unidade dentro de 72 horas após a ocorrência (80,7%). Na maioria dos casos, a violência foi exercida por agressor único (87,1%), sendo este desconhecido em 67,2% dos casos. As vítimas < 19 anos mostraram um maior risco de não estarem usando algum método contraceptivo (risco relativo [RR] = 2,7; IC95% = 1,9-3,6).
A maioria das vítimas de violência sexual foi atendida dentro de 72 horas da ocorrência. As vítimas sexuais eram, na sua maioria, brancas e jovens, sendo que as < 19 anos apresentavam um maior risco de não estarem utilizando algum método contraceptivo e de conhecerem o seu agressor.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(2):126-135
DOI 10.1590/S0100-72032006000200009
Violência sexual contra a mulher é uma das expressões da violência baseada no gênero, que tem como origem o desequilíbrio de poder existente entre homens e mulheres, com maior ou menor intensidade, em todos os países do mundo. Atualmente é reconhecida como um problema de direitos humanos pela ONU, incluindo a violência emocional, física e sexual. A prevalência de violência sexual é muito difícil de determinar, mas provavelmente afeta pelo menos um terço das mulheres alguma vez na vida. Tem variadas conseqüências sobre a saúde física, mental e ginecológica da mulher, as que dependem em grande parte do atendimento recebido logo após a violência. Infelizmente, a maior parte dos serviços de emergência não estão preparados para prestar atendimento adequado. O atendimento deve ser multidisciplinar e incluir anamnese e exame clínico cuidadosos utilizando exames laboratoriais, tratamento das lesões físicas e da crise emocional, prevenção da gravidez e de doenças de transmissão sexual, incluídos HIV/AIDS e com seguimento de pelo menos seis meses.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(2):111-116
DOI 10.1590/S0100-72032004000200005
OBJETIVO: avaliar as características da violência sexual contra mulheres, os tipos de crimes sexuais e as lesões corporais resultantes. METODOS: estudo descritivo baseado nas informações de 102 prontuários de vítimas de violência sexual atendidas no Projeto Maria-Maria, de março de 2002 a março de 2003, que atendiam aos critérios de elegibilidade. Foram descritos as características da violência, os tipos de crime e as lesões corporais sofridas. Para tabulação e análise dos dados utilizou-se o programa Epi-Info, versão 6.04, para percentual simples e distribuição de freqüência. RESULTADOS: a idade das vítimas variou de 1 a 68 anos; 65,7% eram menores de 20 anos e uma em cada quatro tinham até nove anos de idade. A maioria era solteira (78,3%) e com baixa escolaridade (74,2%). O crime predominou no período noturno (64,7%), em local ermo com maior freqüência (39,2%), seguido da residência da vítima (34,3%), e no local da abordagem (67,6%). Entre as vítimas adolescentes predominou perpetrador desconhecido, ao passo que as crianças foram vítimas exclusivamente de homens conhecidos. No caso de crianças menores de dez anos o atentado ao pudor foi o crime mais freqüente (73,8%) e para as adolescentes, o estupro (66,4%). Os traumas corporais ocorreram em 76,7% dos casos, destacando-se os hematomas, edema vulvar e escoriações. CONCLUSÕES: a violência sexual predominou em crianças e adolescentes, solteiras e com baixa escolaridade. A agressão ocorreu mais à noite, por desconhecidos, em local ermo nas adolescentes e por conhecidos (vizinhos principalmente), nos domicílios, nas crianças. O estupro prevaleceu em maiores de dez anos e o atentado violento ao pudor nas crianças de um a nove anos, habitualmente associados a traumas genitais e corporais.