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Original Article
Lacerações perineais: um estudo retrospectivo em uma maternidade pública de risco habitual
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2021;43(8):588-594
15/11/2021
Resumo
Original ArticleLacerações perineais: um estudo retrospectivo em uma maternidade pública de risco habitual
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2021;43(8):588-594
15/11/2021Visualizações63Ver maisResumo
Objetivo
Aproximadamente 85% dos partos vaginais cursam ou com lacerações perineais e/ou com episiotomia. Este estudo objetivou determinar a incidência de lacerações e episiotomias das parturientes de 2018 de uma maternidade pública de risco habitual, no sul do Brasil, bem como determinar os fatores de risco e proteção para tais eventos.
Métodos
Estudo transversal retrospectivo, no qual os dados foram obtidos dos prontuários e analisados no programa Stata. Realizaram-se regressões logísticas uni e multivariada. Foram considerados como significantes valores de p<0,05.
Resultados
Em 2018, aconteceram 525 partos vaginais, sendo 27,8% assistidos por médicos obstetras, 70,7%, por enfermeiros obstetras, e 1,5% evoluíram sem assistência. Ao todo, 55,2% das parturientes apresentaram algum grau de laceração. O profissional que assistiu ao parto foi uma variável que demonstrou significância: um maior número de lacerações de primeiro e segundo graus, bem como casos de maior gravidade, ocorreram em partos assistidos por enfermeiros (razão de probabilidades [RP]: 2,95; intervalo de confiança de 95% [IC 95%]: 1,74 a 5,03). Posições ao nascimento que não permitiam técnicas de proteção perineal (período expulsivo na técnica “sem mãos” [hands off, em inglês]), quando analisadas isoladamente, determinaram o risco; contudo, no modelo final de regressão, essa relação não se confirmou. Apesar de relatada na literatura, não houve associação entre a ocorrência de laceração e a idade, a cor da pele, ou o peso de nascimento. Em 24% dos partos, uma episiotomia foi realizada, tendo os médicos executado 63,5% delas.
Conclusão
Partos assistidos por enfermeiros resultaram em um maior risco de lacerações perineais, de variados graus. Por sua vez, os assistidos por médicos apresentaram maior ocorrência de episiotomia.
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Original Articles
Conhecimento, atitude e prática dos obstetras brasileiros em relação à episiotomia
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2019;41(11):636-646
20/12/2019
Resumo
Original ArticlesConhecimento, atitude e prática dos obstetras brasileiros em relação à episiotomia
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2019;41(11):636-646
20/12/2019Visualizações68Resumo
Objetivo
Determinar o nível e os fatores associados a conhecimento, atitude e prática (CAP) dos obstetras brasileiros em relação à episiotomia.
Métodos
Foi realizado um estudo de corte transversal do tipo inquérito CAP com obstetras atuantes no território brasileiro. Foi criado um formulário eletrônico com perguntas estruturadas e previamente avaliadas pelo método Delphi, que foi enviado por e-mail pelo sistema Google Docs. Foi realizada uma análise multivariada de regressão logística múltipla para determinação dos principais fatores associados ao conhecimento, à atitude e à prática adequados. Para cada variável dependente (conhecimento, atitude e prática) codificada como adequada (1 = sim; 0 = não) foi construído um modelo de regressão logística múltipla. Todas as variáveis independentes ou preditivas foram codificadas binariamente (1 = sim; 0 = não). As razões de prevalência (RPs) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (ICs95%) foram calculados como medidas do risco relativo, com um nível de significância de 5%.
Resultados
Dos 13 mil obstetras contatados, foram obtidas 1.163 respostas, sendo 50 participantes excluídos. A média da taxa de episiotomia relatada foi de 42%. Verificou-se que 44,5% dos médicos tinham conhecimentos adequados, 10,9% tinham atitudes adequadas e 26,8% tinham práticas adequadas.
Conclusão
A maioria dos participantes tinha conhecimento, atitudes e práticas inadequadas em relação à episiotomia. Embora alguns fatores como idade, ensino, trabalho no setor público e participação em congressos melhorem o conhecimento, a atitude e a prática, é preciso reconhecer que as taxas de episiotomia permanecem bem acima do que se considera ideal. O conhecimento adequado é mais prevalente do que a atitude ou a prática adequadas, indicando que a melhora do conhecimento é crucial, mas insuficiente para mudar o panorama das episiotomias neste país.
Palavras-chave: atitudes em saúdeconhecimentos em saúdeEpisiotomiaObstetríciaPartoPeríneopráticas em saúdeVer mais -
Original Article
Sabemos como evitar as LOEAs em posições de parto não supinas? Uma análise de coorte retrospectiva
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2019;41(10):581-587
07/11/2019
Resumo
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2019;41(10):581-587
07/11/2019Visualizações66Ver maisResumo
Objetivo
Avaliar a associação entre as posições maternas verticais e supinas ao nascimento e a taxa de incidência de lesões obstétricas do esfíncter anal (LOEAs).
Métodos
Estudo coorte retrospectivo que analisou os dados de 1.728 gestantes que tiveram parto vaginal cefálico simples com peso ao nascer de 2.500 g. Análises de regressão múltipla foram usadas para investigar o efeito de posições supinas ou verticais sobre a taxa de incidência de LOEAs após o ajuste para fatores de risco e intervenções obstétricas.
Resultados
No total, 239 (13,8%) nascimentos ocorreram nas posições verticais, e 1,489 (86,2%), nas posições supinas. Lacerações graves de grau III ocorreram em 43 (2,5%) pacientes, e de grau IV, em 3 (0,2%) mulheres. As posições supinas tiveram um efeito protetor significativo contra lacerações graves, razão de probabilidades [Intervalo de Confiança de 95%]: 0,47 [0.22-0.99], ajustado para o uso de Fórceps 4.80 [2.15-10.70], nuliparidade 2.86 [1.44-5.69], e peso ao nascer 3.30 [1.56-7.00]. Anestesia (p<0.070), aumento de ocitocina (p<0.228), distocia de ombro (p<0.670), e episiotomia (p<0.559) não estiveram associados à incidência de laceração grave.
Conclusão
As posições de parto verticais não estiveram associadas a uma menor taxa de ruptura perineal. A interpretação dos achados referentes a essas posições levantou dúvidas sobre a proteção perineal que ainda aguardam respostas.
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Review Article
Episiotomia seletiva nos dias atuais: indicações, técnica e associação com lacerações perineais graves
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(6):301-307
01/06/2016
Resumo
Review ArticleEpisiotomia seletiva nos dias atuais: indicações, técnica e associação com lacerações perineais graves
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(6):301-307
01/06/2016Visualizações76Ver maisResumo
Introdução
A episiotomia é um procedimento controverso, devido, em parte, à discussão sobre sua realização ter ultrapassado o campo do debate cientifico, sendo adotada como indicador associado com a "humanização do parto." A literatura mostra que a episiotomia não deve ser realizada rotineiramente, mas de forma seletiva. Questões relativas à sua indicação, técnica de realização e associação com lacerações perineais graves são objeto de amplo debate e pesquisa.
Objetivos
Revisar a literatura para avaliar se a realização da episiotomia seletiva protege contra lacerações perineais graves, quais são suas indicações, e qual a melhor técnica para realizar este procedimento.
Método
Foi realizada busca no PubMed com os termos episiotomy ou perineal lacerations utilizando o filtro clinical trial. Foram selecionados os artigos que tratavam do risco de lacerações perineais graves com e sem episiotomia, ou de técnicas de proteção perineal ou de episiotomia.
Resultados
Foram identificados 141 artigos, dos quais 24 foram incluídos na revisão. Dos 13 estudos que avaliaram o risco de lacerações graves com e sem episiotomia, 5 demonstraram o papel protetor da episiotomia seletiva, e 4 não mostraram diferenças significativas entre os grupos. Três pequenos estudos confirmaram o achado de que a episiotomia deve ser realizada seletiva e não rotineiramente, e um estudo mostrou que a episiotomia mediana aumenta o risco de lacerações graves. Quanto às indicações, as mais citadas foram a primiparidade, peso fetal maior do que 4kg, período expulsivo prolongado, parto operatório e distocia de ombro. Quanto à técnica, episiotomias realizadas com ângulos mais abertos (> 40°) e mais precocemente no período expulsivo (antes do "coroamento") parecem ser mais protetoras.
Conclusões
Episiotomias seletivas reduzem o risco de lacerações graves comparativamente à não realização de episiotomia ou à realização de episiotomia rotineira. Para esse resultado, é fundamental a utilização de técnica operatória correta, principalmente em relação ao ângulo de inclinação e distância da fúrcula vaginal, além do momento de sua realização. Deixar de realizar a episiotomia, com a técnica correta e quando bem indicada, pode aumentar o risco de lacerações perineais graves.
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Artigos Originais
Desfecho da gravidez nas jovens adolescentes
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2008;30(12):620-625
06/02/2008
Resumo
Artigos OriginaisDesfecho da gravidez nas jovens adolescentes
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2008;30(12):620-625
06/02/2008DOI 10.1590/S0100-72032008001200006
Visualizações51OBJETIVO: comparar parto e seguimento de gravidez entre grávidas adolescentes e não-adolescentes que pariram num hospital terciário da região de Lisboa (Portugal). MÉTODOS: estudo retrospectivo com 10.656 partos. Foram avaliados: seguimento da gravidez, idade gestacional no parto, tipo de parto, necessidade de episiotomia e lacerações graves, índice de Apgar no quinto minuto e peso ao nascer. As grávidas foram divididas em dois grupos, acima e abaixo dos 20 anos. O grupo abaixo dos 20 anos foi depois subdividido entre grávidas com menos ou mais de 16 anos. Foi usado o teste do χ2 para análise estatística. RESULTADOS: as adolescentes tiveram pior seguimento: primeira consulta após as 12 semanas (46,4 versus 26,3%) e menos de quatro consultas (8,1 versus 3,1%), menos distocia (21,5 versus 35,1%), menos cesarianas (10,6 versus 20,7%) e menor necessidade de indução do trabalho de parto (16,5 versus 26,5%). Não houve diferença significativa para idade gestacional no parto e taxa de recém-nascidos de baixo peso. Entre adolescentes, as menores de 16 anos tiveram mais recém-nascidos de baixo peso (12 versus 7,4%) e mais partos entre 34 e 37 semanas (10,8 versus 4,2%). CONCLUSÕES: num hospital com serviço dedicado a grávidas adolescentes com apoio social e psicológico, apesar de pior seguimento pré-natal vigilância, o seu desempenho não foi pior. Uma atenção especial deve, no entanto, ser dada a grávidas abaixo dos 16 anos.
Palavras-chave: AdolescenteApgarEpisiotomiaGravidezIdade gestacionalLaceraçõesTrabalho de parto induzidoVer mais