Resumo
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Avaliar a performance de residentes em ginecologia e obstetrícia antes e depois de praticarem suturas laparoscópicas, com o intuito de estabelecer quando o treinamento mostra os melhores resultados, comparando se estar em diferentes da residência influencia essa progressão.
Um estudo coorte prospectivo envolvendo 32 médicos residentes avaliados com um teste pré-treinamento para avaliar seus conhecimentos prévios em sutura laparoscópica. Esse teste consistia em atar nós em dois fios, um de polipropileno e o outro de poliglactina, com uma sequencia de bloqueio de cinco seminós. Definiu-se um limite de 30 minutos para se completar a tarefa. Depois, os residentes tiveram quatro reuniões de treinamento, focadas em sutura, técnica da Regra do Gladiador, nós e simetria, executando, ainda, uma sequência de pontos. Um segundo teste foi feito para avaliar o progresso.
Com relação ao tempo para realizarem os pontos com fio de poliglactina, uma melhora de tempo estatisticamente significativa (p< 0.01) foi observada, com uma mediana de 10.67 minutos no pré-treinamento (média de 12.24 minutos) e uma mediana de 2.53 minutos no pós-treinamento (média de 3.25 minutos). Com relação ao fio de polipropileno, uma melhora de tempo estatisticamente significativa (p< 0.05) também foi observada, com uma mediana de pré-treinamento de 9.38 minutos (média de 15.43 minutos) e uma mediana de pós-treinamento de 3.65 minutos (média de 4.54 minutos). Um total de 64.2% dos residentes foram capazes de realizar os nós com polipropileno inicialmente. Cem por cento do residentes foram capazes de completar a tarefa no pós-teste.
O modelo de treino usando a técnica da Regra do Gladiador para sutura laparoscópica melhora o tempo de atar nós com uma performance estatisticamente similar, não havendo diferenças quanto ao ano da residência, após treinamento sistematizado.
Resumo
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Analisar o impacto pandemia de COVID-19 sobre a residência de ginecologia e obstetrícia do Estado de São Paulo.
Estudo transversal desenvolvido por representantes dos residentes da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (SOGESP). Foram coletados dados de questionários aplicados aos residentes de ginecologia e obstetrícia cadastrados no site da SOGESP em fevereiro de 2022. Os entrevistados responderam sobre repercussões da pandemia sobre a residência médica e se tiveram suporte técnico e psicológico durante o período.
Foram levantados 247 questionários de residentes de ginecologia e obstetrícia. Os residentes apresentaram idade de 28,3 ± 3 anos, sendo a maioria do sexo feminino (88,4%). O deslocamento para “covidários” foi referido por 62,34% dos avaliados, porém somente 35,6% referiram equipamento de proteção individual completamente adequado e apenas 7,7% referiram instrução completa teórica e técnica para o suporte destes pacientes. Quase a totalidade dos entrevistados afirmou que o setor de ginecologia foi o mais afetado. A maioria dos entrevistados considerou que o os residentes do segundo ano foram os que tiveram maior prejuízo, sendo que mais da metade dos residentes do 1° e 2° ano afirmou ter desejado desistir da residência durante a pandemia. Mais de 80% dos residentes referiram aulas teóricas e/ou apresentação de artigos online, reforçando o fato de que as atividades virtuais ganharam um espaço maior dentro da residência médica.
A pandemia impactou nas residências em maior proporção nos ambulatórios e cirurgias ginecológicas, interferindo também sobre o desejo do médico de seguir com o programa.
Resumo
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Dar más notícias é comum em obstetrícia e ginecologia. Porém, é difícil e poucos médicos recebem treinamento sobre como lidar com essa situação. Esta revisão narrativa tem como objetivo reunir, analisar e sintetizar parte do conhecimento sobre a área, com foco na obstetrícia. Dentre os 16 artigos selecionados, dois são estudos de intervenção randomizados e controlados, e a maioria dos estudos refere-se à obstetrícia. Os resultados encontrados ressaltaram que simulação, feedback/entrevistas, palestras e protocolos podem melhorar o desempenho dos médicos na comunicação de más notícias. Para os pacientes, o contexto e como as informações são transmitidas parecem ter maior impacto do que o conteúdo das notícias. Os obstetras e ginecologistas poderiam se beneficiar de cursos e protocolos específicos, dadas as particularidades da especialidade. Faltam evidências sobre a forma mais eficaz de realizar esse treinamento. Encontrar formas validadas de quantificar e classificar os resultados dos estudos na área, permitindo uma análise objetiva dos resultados, é um dos maiores desafios neste tema.
Resumo
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Analisar o efeito de uma capacitação no modelo One-Minute Preceptor para preceptores que atuam no setor de urgência de uma maternidade escola.
Estudo de intervenção, quantitativo, realizado com preceptores de residência em Ginecologia e Obstetrícia de uma maternidade escola do Nordeste brasileiro. Três etapas foram realizadas: 1) questionário pré-intervenção com os residentes; 2) planejamento e execução de um curso de capacitação pedagógica para os preceptores, que envolveu uma aula expositiva dialogada e dramatização sobre o modelo One-Minute Preceptor; e 3) trinta dias após a intervenção, os residentes responderam a outro questionário sobre a aplicação, a repercussão e as vantagens do modelo.
Na avaliação de ensino dos residentes pré-intervenção, os resultados mostraram que 91,7% concordaram que existiam divergências quanto a metodologia de ensino entre os preceptores. Após a capacitação, todos os preceptores concordaram que o método envolve o aluno no processo de tomada de decisão, e que aplicariam o método na sua rotina no setor de urgência. Os resultados pós-intervenção mostraram que 95,8% concordam que o modelo é mais atratente do que as abordagens de ensino tradicionais. Para 70,9% dos residentes, houve uma percepção de melhora da aprendizagem; além disso, observou-se uma mudança siginificativa do recebimento de feedback antes e após a implantação do modelo, de 20,8% para 66,7%.
A capacitação de preceptores nomodelo One Minute Preceptor mostrou-se eficiente no fornecimento de feedback formativo aos residentes no setor de urgência de uma maternidade escola. Novos estudos serão necessários para avaliar a consolidação da metodologia em longo prazo.
Resumo
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Analisar a aplicabilidade e eficiência de um treinamento em laparoscopia com múltiplas abordagens, em melhorar as habilidades laparoscópicas básicas de residentes de ginecologia e obstetrícia (GO).
Estudo transversal, observacional e descritivo, desenvolvido no Centro de Treinamento em Experimentação e Cirurgia (CETEC) do Instituto de Pesquisa do Hospital Albert Einstein com residentes de GO. Foram aplicadas avaliações teóricas e práticas a 24 residentes de GO com o objetivo de avaliar suas habilidades laparoscópicas antes e após sua participação em um curso de 8 semanas. O curso envolveu palestras teóricas e exercícios práticos de cirurgia laparoscópica através de modelos de borracha, caixas pretas, simuladores virtuais e modelos animais (porcos).
Houve uma melhora geral na habilidade dos residentes, comaumento do número de respostas corretas na avaliação teórica e diminuição do tempo na execução dos testes práticos (montagem do porta-agulha e realização de nó laparoscópico). O curso foi avaliado pelos alunos como altamente relevante por melhorar suas habilidades cirúrgicas e motivá-los a continuar praticando.
O treinamento laparoscópico utilizando múltiplas abordagens resultou em melhora significativa das habilidades cirúrgicas atrelado a alto nível de satisfação dos participantes. Novos estudos ainda são necessários para mensurar a retenção destas habilidades adquiridas a longo prazo.
Resumo
. ;:97-101
Analisar a prescrição de antimicrobianos para gestantes admitidas no serviço de obstetrícia que apresentaram pielonefrite aguda.
Foram realizados três estudos transversais comparando a prescrição de antimicrobianos para pielonefrite em gestantes nos períodos avaliados (2010-2011: 99 indivíduos avaliados; 2013: 116 indivíduos avaliados; 2015: 107 indivíduos avaliados), no Hospital Fêmina, Porto Alegre, RS, Brasil. A análise foi realizada antes e após a promoção de um protocolo institucional para o tratamento da pielonefrite durante a gravidez e, em uma terceira ocasião, após a introdução de uma ferramenta educacional móvel para uso por smartphone.
A avaliação das prescrições médicas e a adequação das prescrições entre os diferentes períodos estudados revelaram um aumento significativo na conduta adequada para a escolha do antimicrobiano (2010: 83,8%; 2013: 95,7%; e 2015: 100%), via de administração (2010: 97%; 2013: 100%; e 2015: 100%) e intervalo (2010: 91,9%; 2013: 95,7%; e 2015: 100%), após a introdução do protocolo, e novamente após a implementação do aplicativo com orientações sobre tratamento antimicrobiano.
O uso de aplicativos móveis específicos deve ser incentivado para obter melhor qualidade e precisão nas prescrições e incluir estratégias que não apenas reduzam o risco de resultados negativos, mas que também melhorem a qualidade dos cuidados e do tratamento para manter a saúde conjunta da mãe e do bebê.
Resumo
. ;:599-605
Avaliar a prevalência e os fatoresmotivadores da recusa emprestar serviços de saúde reprodutiva, bem como o conhecimento ético do tema, entre estudantes de medicina.
Estudo transversal, envolvendo 120 estudantes demedicina. Aplicou-se um questionário cujas variáveis dependentes forama existência ou não de objeções quanto à condução de três casos clínicos sobre saúde reprodutiva: o abortamento previsto em lei, a orientação contraceptiva a uma adolescente sem consentimento dos pais, e a prescrição de contracepção de emergência. As varáveis independentes foram: idade, gênero, religião, valor ético, grau de religiosidade e frequência a cultos religiosos. Os conhecimentos éticos pesquisados foram a obrigação de expor os motivos da objeção, relatar as alternativas possíveis e encaminhar a paciente a outro profissional. Os dados foram analisados pelo teste do χ2 e pelo teste-t, com nível de significância de 5%.
O abortamento foi recusado por 35,8% dos estudantes, a contracepção aos adolescentes por 17,5%, e a contracepção de emergência por 5,8%. A alta religiosidade (p < 0,001) e uma maior frequência a cultos (p = 0,034) foram os preditores identificados no caso do abortamento previsto em lei. A recusa da contracepção aos adolescentes foi significativamente maior entre as mulheres (p = 0,037). Entre os estudantes, 25% não explicariam o motivo da recusa, 15% não descreveriam todos os procedimentos e 25% não fariam o encaminhamento da paciente para outro profissional.
O abortamento previsto em lei, foi a situação mais objetada. Os fatores motivadores a esta recusa foram o alto comprometimento e maior religiosidade. Uma parcela razoável dos alunos não demonstrou ter conhecimentos éticos sobre o tema.
Resumo
. ;:137-146
É uma tarefa particularmente difícil transmitir más notícias em perinatologia. Habilidades de comunicação podem ser aprendidas, ensinadas e praticadas. O presente estudo avalia se uma sessão de treinamento estruturado para comunicar más notícias ampliaria as habilidades dos residentes de perinatologia.
Estudo de intervenção controlado e aleatorizado com residentes do 1° ao 4° ano do curso de perinatologia de uma faculdade de ciências médicas no ano letivo de 2014/15. Um total de 61 dos 100 residentes elegíveis (61%) voluntariaram-se para um programa de treinamento envolvendo comunicar uma perda perinatal para uma paciente simulada no papel da mãe, seguido do feedback imediato da atriz, ambos filmados. Posteriormente, os residentes foram aleatoriamente designados para um grupo de treinamento em más notícias baseado na estratégia SPIKES e revisão dos vídeos (intervenção) ou para um grupo-controle, sem treinamento. Todos os residentes retornaram numa segunda simulação análoga à primeira, com a mesma paciente simulada cega à intervenção. Avaliou-se as habilidades dos residentes segundo um checklist preenchido pela atriz. A análise estatística incluiu análise de covariância para medidas repetidas (ANCOVA-MR). Os residentes avaliaram a atividade de simulação com feedback.
O programa foi completado por 58 residentes. As simulações duraram em média 12 minutos, o feedback 5 minutos, e o treinamento SPIKES entre 1h e 2,5h. Não houve diferença significativa nas atuações dos residentes segundo a paciente simulada (p = 0.55). Os residentes avaliaram a simulação com feedback positivamente. Essas atividades podem ter reduzido o impacto do treinamento SPIKES.
O treinamento SPIKES não teve impacto significativo na atuação dos residentes. Os residentes consideraram as simulações com feedback úteis. Mais pesquisas são necessárias para determinar qual modalidade é mais eficaz.