Resumo
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Compilar informação relevante proveniente da literatura atual sobre a ultrassonografia Doppler das artérias umbilicais (AUs) na prática clínica, considerações e limitações técnicas e perspectivas futuras.
A pesquisa bibliográfica foi realizada nos bancos de dados PubMed e Medline e restringiu-se a artigos escritos na língua inglesa. Recorreu-se também à bibliografia dos artigos selecionados, quando necessário, para obter informação relevante.
A utilização desta técnica como método de vigilância de rotina está apenas recomendada emgravidezes de alto risco comdisfunção placentar.Metanálises de estudos randomizados mostraram que o seguimento obstétrico baseado nos achados do Doppler da artéria umbilical pode melhorar a mortalidade e a morbilidade perinatal. É consensual que os valores dos índices Doppler da AU decrescem com o avanço da idade gestacional. No entanto, há ainda muita incerteza quanto aos valores de referência.
As informações obtidas através da AU Doppler US são a base para muitas decisões clínicas importantes. Trabalhos de investigação nesta área são essenciais para tentar colmatar atuais limitações da técnica.
Resumo
. ;:118-124
Avaliar o grau de correlação/concordância dos parâmetros Doppler materno-fetal entre fetos normais e com restrição do crescimento (restrição de crescimento fetal [RCF]).
O presente estudo observacional e retrospectivo incluiu 274 gestações únicas. Os seguintes parâmetros Doppler materno-fetal foram avaliados: artéria uterina (AUt), artéria umbilical (AU), artéria cerebral média (ACM), razão cérebroplacentária (RCP) e razão umbilical-cerebral (U/C). A avaliação da RCF baseou-se nos critérios de Figueiras e Gratacós.9 Os coeficientes de correlação de Spearman foram estimados para avaliar a correlação entre os índices de resistência (IR) e pulsatilidade (IP) dos parâmetros Doppler. A concordância entre dois parâmetros do Doppler foi avaliada pelo coeficiente Kappa.
No total, 502 exames Doppler foram incluídos e RCF foi observado em 19 de 274 fetos. Observou-se forte correlação entre IR e IP da AUt, AU e ACM em todas as amostras (p<0,001). Dos 502 exames Doppler, houve concordância entre os percentis U/C e RCP para 480 (95,6%) e discordância para 22 (4,4%), com coeficiente Kappa de 0,26, correspondendo a concordância fraca. Dos 68 casos com peso fetal estimado≤9° (pequeno para a idade gestacional [PIG]), houve concordância entre U/C>1,0 e RCp<5o percentil em 61 (88,4%) e discordância em 7 (5,8%) com coeficiente Kappa de 0,49, correspondendo a concordância moderada.
Forte correlação foi observada entre o IR e IP dos exames Doppler AUt, AU e ACM no presente estudo; entretanto, fraca concordância foi observada entre U/C e RCP em fetos normais e com RCF. Nos PIG, U/C e RCP demonstraram concordânciamoderada.
Resumo
. ;:231-237
Analisar se a ingestão de acetilsalicílico (ASA) modifica o índice médio de pulsatilidade das artérias uterinas (UtA-PI) no 2° ou 3° trimestre em uma coorte de gestantes com média anormal de UtA-PI entre 11 e 14 semanas.
Este é um estudo de coorte retrospectivo. Gravidezes únicas com média anormal de UtA-PI entre 11 e 14 semanas foram estudadas. As participantes foram divididas em 3 grupos: 1) Se a participante não tomou ASA durante a gravidez, 2) Se a participante tomou AAS antes das 14 semanas e 3) Se a participante tomou ASA após 14 semanas. A média do UtA-PI foi avaliada nos 2° e 3° trimestres e considerou-se que melhorava quando diminuía<95° percentil. Foram calculados a razão de prevalência (RP) e o número necessário para tratar (NNT).
Foram avaliadas 72 participantes com média de UtA-PI>95° percentil no 1° trimestre de gravidez. Das 18 participantes que tomaram ASA, 8 participantes começaram antes de 14 semanas e 10 depois. Um total de 33,3% desses participantes melhoraram a média de UtA-PI nos 2° e 3° trimestres, embora não tenha sido estatisticamente significante (p=0,154). A razão de prevalência foi de 0,95 (intervalo de confiança [IC95%]: 0,31-1,89), mas entre os 1° e o 2° trimestres, a RP foi de 0,92 (IC95%: 0,21-0,99) e foi estatisticamente significativa.
O presente trabalho demonstra uma modificação da média de UtA-PI em participantes que faziam uso de ASA em comparação com aqueles que não faziam. É importante verificar se o ASA pode modificar os limites normais das artérias uterinas porque isso pode ter um impacto na vigilância.
Resumo
. ;:289-296
O crescimento intrauterino restrito (CIUR) está associado a um prognóstico perinatal adverso, com maior risco de óbito intrauterino e neonatal, bem como de paralisia cerebral. Assim, sua detecção e a determinação de sua gravidade por novos parâmetros Dopplervelocimétricos, como o istmo aórtico (IAo), são de fundamental importância na prática obstétrica. O IAo é um segmento vascular que representa um ponto de comunicação entre os sistemas circulatórios fetais esquerdo e direito. É considerado um shunt arterial funcional, capaz de refletir a relação entre as impedâncias dos circuitos cerebral e sistêmico, e foi proposto como uma ferramenta para detecção do status do equilíbrio hemodinâmico e do prognóstico de fetos com CIUR. Na presente revisão, observou-se que, em fetos saudáveis, o fluxo predominante no IAo é sempre anterógrado; mas em fetos com CIUR a deterioração do estágio de insuficiência placentária acarreta reduções progressivas no fluxo ístmico até este apresentar sentido predominantemente retrógrado e levar a uma drástica redução no aporte de oxigênio ao sistema nervoso central. Quanto mais alterado estiver o fluxo no IAo, maior a chance de haver alteração na Dopplervelocimetria de outros vasos; e as alterações no Doppler do IAo parecem preceder outros indicadores de hipoxemia severa. Embora o fluxo retrógrado no IAo pareça se correlacionar com maior risco de alteração no desenvolvimento neurológico a longo prazo, ainda não está claro o seu papel na predição de morbimortalidade perinatal. O Doppler do IAo parece ser um parâmetro promissor no manejo do CIUR; entretanto, mais estudos são necessários para avaliar seu emprego na prática clínica.
Resumo
. ;:287-293
Realizar revisão da literatura científica acerca do uso do Doppler das artérias uterinas, de forma isolada ou em combinação com outros marcadores, no rastreamento para pré-eclâmpsia (PE) e restrição do crescimento fetal (RCF) na população geral. A revisão incluiu estudos de coorte e ensaios clínicos randomizados recentemente publicados.
Realizou-se uma pesquisa da literatura nas bases de dados Medline, PubMed, MeSH e ScienceDirect. Diferentes combinações dos termos “preeclampsia,” “screening,” “prediction,” “Doppler,” “Doppler velocimetry,” “fetal growth restriction,” “small for gestational age” e “uterine artery” foram utilizadas. Artigos eminglês, (excluindo-se artigos de revisão) em que o Doppler das artérias uterinas é reportado como ferramenta no rastreamento para PE e RCF foram incluídos.
Trinta artigos foram incluídos. Como teste preditivo isolado, o Doppler das artérias uterinas tem sensibilidade inferior a 50% na detecção de casos de PE e inferior a 40% para identificação de gestações afetadas por RCF. Modelos matemáticos preditivos baseados em equações de regressão logística que permitem o cálculo de risco individual, por sua vez, são mais promissores, permitindo a detecção de 75% dos casos de PE pré-termo, e 55% das gestações que resultarão emparto de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional.
O uso do Doppler das artérias uterinas tem baixa acurácia na identificação de gestações afetadas por PE e RCF. No entanto, seu uso combinado com outros marcadores é mais promissor, apresentando maior acurácia para detecção de PE do que para RCF.