Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 23/01/2022;44(10):915-924
Avaliar os desfechos obstétricos/puerperais/neonatais em uma população com doença inflamatória intestinal (DII) e analisar as características da doença, que podem estar associadas a desfechos adversos.
Análise descritiva retrospectiva incluindo 47 gestantes com DII (28 com doença de Crohn – DC e 19 com retocolite ulcerativa – RCU) que deram à luz entre março de 2012 e julho de 2018 em um hospital terciário. Revisamos os registros clínicos para extrair informações demográficas, histórico médico prévio, subtipo da doença, atividade, gravidade, tratamento e medidas de resultados obstétricos, puerperais e neonatais.
As complicações obstétricas e neonatais (desfechos compostos) ocorreram em 55,3% e 14,6% da população com DII, respectivamente; e foram mais frequentes em pacientes com RCU. Nascimento prematuro (PTB), pré-eclâmpsia, anemia, baixo peso ao nascer (BPN) e óbito neonatal também foram mais frequentes em pacientes com RCU. A taxa de hemorragia pós-parto (HPP) foi de 14,9% e foi maior em pacientes com DC. Mulheres com DII ativa tiveram mais desfechos obstétricos/neonatais adversos (restrição de crescimento fetal e BPN em particular) e cesarianas. Pacientes com DII medicada tiveram menos complicações obstétricas/neonatais (PTB e BPN em específico) e cesarianas, mas mais HPP.
Mulheres com DII podem ter um risco aumentado de desfechos adversos obstétricos/puerperais/neonatais. As pacientes com RCU apresentaram mais complicações obstétricas e neonatais, enquanto a HPP foi mais frequente em pacientes com DC. Outras características da doença foram consideradas, o que permitiu uma melhor compreensão de sua possível influência. Embora mais pesquisas sejam necessárias, este trabalho reforça a importância de uma vigilância adequada para permitir o reconhecimento e o tratamento imediatos das complicações.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 26/11/2012;34(9):420-424
DOI 10.1590/S0100-72032012000900006
OBJETIVO: Avaliar a associação do endometrioma ovariano e a presença de lesões de endometriose profunda infiltrativa (EPI) em uma amostra de mulheres do Sul do Brasil. MÉTODOS: Foi conduzida uma análise retrospectiva com informações dos prontuários de mulheres submetidas a tratamento cirúrgico de endometriose durante o período de janeiro de 2010 e junho de 2012. As pacientes foram divididas em dois grupos de acordo com a presença ou não de endometrioma ovariano. As pacientes portadoras de endometrioma ovariano foram subdivididas em dois grupos de acordo com o diâmetro do endometrioma (<40 e >40 mm). Os parâmetros comparados entre os grupos incluíram: dosagem sérica de cancer antigen (CA) 125, tamanho do endometrioma, presença e número de lesões profundas. A análise estatística foi conduzida com o programa Statistica versão 8.0, utilizando-se o teste exato de Fisher, o teste t de Student e o teste de Mann-Whitney, quando necessário. Os valores p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos. RESULTADOS: Durante o período de estudo, um total de 201 mulheres foram submetidas a tratamento cirúrgico laparoscópico de endometriose. Cinquenta e seis pacientes (27,9%) eram portadoras de endometrioma ovariano e 180 pacientes (89,5%) apresentaram EPI confirmada histologicamente. As mulheres com endometrioma ovariano apresentaram um CA 125 sérico mais alto (39,5 versus 24,1 U/mL; p<0,01) e uma maior associação com a presença de lesões de EPI (98,2 versus 86,2%; p=0,01) e de EPI intestinal (57,1 versus 37,9%; p=0,01). Não houve diferença significativa quando se comparou os grupos com endometriomas <40 e >40 mm. CONCLUSÕES: O endometrioma ovariano é um marcador para a presença de lesões de EPI, incluindo EPI com comprometimento intestinal.