Resumo
. ;:527-533
A reprodução assistida agrega tecnologias inovadoras e novas formas de procriação pormeio da doação de gametas; no entanto, também leva a questões éticas e morais e à ampla aplicação da bioética referencial. O objetivo deste estudo foi compreender o contexto bioético da doação compartilhada de oócitos.
Este estudo qualitativo utilizou a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo para entrevistar doadoras e receptoras no Brasil.
As doadoras sofrem de infertilidade, e a fertilização in vitro abre a possibilidade de ter um filho; no entanto, o custo é alto, e ajudar a receptora é mais importante do que o custo financeiro. As receptoras se arrependem de retardar a maternidade; adotar uma criança é sua última opção, e elas desejam sentir os estágios físicos da gravidez. As receptoras consideramas regras injustas emrelação à falta de um banco de oócitos e ao fato de que o tratamento deve ocorrer emciclos compartilhados; no entanto, a doação de oócitos possibilita a realização do sonho comum da maternidade.
Os dados obtidosmostraram que as pacientes estão sofrendo e frustradas devido à infertilidade, e percebem que a fertilização in vitro pode ser o tratamento de que necessitam. Essas mulheres acreditam que as crianças são essenciais na constituição da família, e os avanços científicos agregam tecnologias inovadoras e novas formas de constituição familiar com repercussões nos contextos sociais, econômicos, políticos e familiares que levam a questões bioéticas na Pós-modernidade.
Resumo
. ;:282-287
Não se sabe ao certo o que os casais inférteis acham sobre doação de óvulos por terceiros e adoção, condições estas que podem ser interpretadas como um encerramento definitivo das opções disponíveis para concepção. Este estudo teve como objetivo determinar a aceitação da doação de oócitos, ovo recepção e adoção de crianças por mulheres inférteis submetidas a tratamento de reprodução assistida (RA).
Sessenta e nove mulheres em tratamento para infertilidade e submetidas a procedimentos de RA foram incluídas neste estudo transversal. Elas foram avaliadas por meio de questionários semiestruturados administrados durante a indução da ovulação em um ciclo de tratamento.
O estado civil, religião, escolaridade, ocupação, tipo de infertilidade, idade, duração da infertilidade, número de ciclos de RA anteriores, o número médio de oócitos por ciclo e de embriões por ciclo médio não tiveram influência sobre a aceitação da doação ou da recepção de oócitos. Mais de 90% das mulheres acha que o tema “adoção” deve ser discutido durante o tratamento de RA, porém preferem discutir este tema com psicólogos, e não com médicos. As mulheres com ocupações foram mais predispostas a considerar a adoção.
As opiniões destas pacientes sobre estas questões parecem ser baseadas em conceitos pessoais e valores éticos, religiosos e morais. As mulheres preferiam discutir a adopção com psicólogos, em vez de médicos.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(11):661-664
DOI 10.1590/S0100-72032005001100005
OBJETIVO: comparar os resultados de ciclos de reprodução assistida em mulheres doadoras de oócitos no ciclo de tratamento com o de mulheres não doadoras. MÉTODOS: foram avaliadas, retrospectivamente, as taxas de gravidez, implantação e abortamento de 50 pacientes que doaram oócitos durante o ciclo de reprodução assistida (grupo de doadoras) e de 50 pacientes que não doaram oócitos (grupo de não-doadoras), em clínica privada de reprodução assistida em São Paulo, entre os anos de 2001 e 2003. Os critérios de inclusão no estudo foram os seguintes: idade menor que 35 anos; ciclos menstruais regulares; dosagem basal de FSH<10 mUI/mL; pacientes submetidas à primeira tentativa de fertilização assistida; recuperação de mais de seis oócitos maduros após a aspiração folicular. Os resultados foram analisados estatisticamente por meio do teste do chi2. RESULTADOS: ambos os grupos eram comparáveis em termos de idade, indicação e duração da infertilidade. A média de idade no grupo de doadoras foi de 30,6 anos e no grupo de não doadoras, 31,1 anos. Todas as pacientes tiveram mais do que seis oócitos aspirados e identificados. No grupo de doadoras foram recuperados 590 oócitos e 215 oócitos foram doados para receptoras (36,5%), levando à transferência de 152 embriões. Foram obtidas 15 gestações (30% por transferência), com 2 abortamentos (13,3%), sendo que a taxa de implantação foi de 11,2%. No grupo de não-doadoras, recuperaram-se 545 oócitos e foram transferidos 153 embriões. Foram obtidas 17 gravidezes (34% por transferência) e houve três abortamentos (17,6%). A taxa de implantação foi de 14,3%. Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os dois grupos no que se refere às taxas de gravidez, implantação e abortamento (p>0,05). CONCLUSÃO: em pacientes que recuperam mais de seis oócitos, a doação de oócitos no ciclo de tratamento não prejudica os resultados dos ciclos de reprodução assistida e não eleva as taxas de abortamento.