Resumo
. ;:467-473
Analisar a função sexual de pacientes do sexo feminino com espinha bífida (EB), e avaliar quais fatores influenciam na função sexual.
Uma pesquisa transversal em que um questionário validado para mulheres foi aplicado em 140 pacientes com EB de quatro cidades diferentes (Porto Alegre, Brasil; e Barcelona, Madri e Málaga, Espanha) entre 2019 e 2020. Os questionários coletaram dados sobre características clínicas da espinha bífida, e a função sexual feminina foi avaliada com a versão de seis itens do Índice de Funcionamento Sexual Feminino (IFSF-6) nas versões validadas para português e espanhol.
Metade das pacientes havia praticado atividade sexual pelo menos uma vez na vida, mas a maioria (57.1%) não utilizava nenhum método contraceptivo. A disfunção sexual estava presente na maioria das pacientes (84.3%), sendo todos os domínios de função sexual prejudicados em comparação com os de mulheres não neurogênicas. A presença de incontinência urinária e fecal afetou significativamente a qualidade da atividade sexual das pacientes.
Aspectos clínicos específicos da EB, como incontinência urinária e fecal, devem ser adequadamente abordados pelos médicos assistentes, visto que estão associados à redução na atividade sexual e piores resultados no IFSF-6. Também é necessário melhorar o atendimento ginecológico das pacientes sexualmente ativas, uma vez que a maioria não utiliza métodos contraceptivos e corre o risco de gravidez inadvertida.
Resumo
. ;:427-435
Nós realizamos uma revisão sistemática para avaliar a efetividade e a segurança do Tribulus terrestris no tratamento da disfunção sexual feminina (DSF).
Nós realizados uma busca eletrônica irrestrita nas seguintes bases de dados: MEDLINE, CENTRAL, EMBASE, LILACS, CINAHL, PsycINFO, WHO-ICTR, Clinicaltrials.gov, e OpenGrey. Seleção dos estudos Nós incluímos todos os ensaios clínico randomizados (ECR) que comparou T. terrestris com controles ativos/inativos. Após o processo de seleção, conduzido por 2 revisores, 5 ECRs (n = 279 participantes) foram incluídos.
O processo de extração de dados foi realizado por dois revisores, utilizando-se um formulário de extração de dados pré-estabelecido. Síntese de dados Devido à falta de dados disponíveis e à heterogeneidade clínica entre os estudos incluídos, nós não realizamos meta-análises. O risco de viés foi avaliado pela tabela de risco de viés da Cochrane e, a certeza do corpo da evidência foi avaliada pelo Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluations (GRADE).
Após 1 a três 3 meses de tratamento, mulheres na pré e pós-menopausa randomizadas ao T. terrestris tiveram um aumento significante nos escores de função sexual. O grupo com 3 meses de tratamento com T. terrestris exibiu um aumento significante dos níveis séricos de testosterona emmulheres pré-menopausa. Não houve relato de eventos adversos graves, e nenhum estudo avaliou qualidade de vida das participantes. A certeza da evidência foi considerada muito baixa, o que significa que existe pouca certeza na estimativa dos efeitos e que é provável que futuros estudos mudem estas estimativas.
Mais ECRs são importantes para apoiar ou refutar o uso do T. terrestris. A decisão de usar essa intervenção deve ser compartilhada com pacientes, e as incertezas sobre seus efeitos devem ser discutidas durante o processo de decisão clínica.
Resumo
. ;:555-563
Determinar a prevalência e fatores associados de disfunção sexual emgestantes.
Estudo descritivo, transversal, incluindo 262 gestantes com idade de 18 anos ou mais, e idade gestacional entre 10 e 35 semanas. Mulheres com infecção de trato urinário e gestação de alto risco foram excluídas. O Inventário de Resposta Sexual na Gestação (Pregnancy Sexual Response Inventory, PSRI) foi utilizado. Procedeu-se à análise univariada, e as comparações entre as médias dos domínios de função sexual foram avaliadas pelo teste t de Student. Associações entre as variáveis dependentes e independentes foram determinadas por teste do qui-quadrado. Também estimou-se a razão de prevalência, com intervalo de confiança de 95%, e realizou-se análise multivariada.
Um total de 64,9% das mulheres relataram diminuição na frequência de atividade sexual durante a gravidez. Pouco mais da metade das mulheres (50,8%) estavam satisfeitas, e a excitação foi relatada como excelente/boa por 30,5% delas. A frequência de dificuldades/disfunções sexuais aumentou com a gravidez, subindo de 5,7% para 58,8%, e dor na relação sexual foi relatada por 45,8% delas. Ter Ensino Superior diminuiu em 50% a chance de insatisfação sexual. O escore total do PSRI diminuiu significativamente entre o período pré-gestacional (escore médio = 89,8, “excelente”) e o período gestacional (escore médio = 59,2, “bom”).
O escoremédio da função sexual durante a gestação foi classificado como bom, embora a maioria das gestantes tenha relatado pelo menos um tipo de alteração nos domínios da função sexual. O relato de insatisfação foi mais frequente nas mulheres de baixa escolaridade.
Resumo
. ;:693-698
O objetivo do presente estudo foi identificar a associação entre características de personalidade de mulheres na pós-menopausa e ocorrência de disfunção sexual.
No total, 43 mulheres na pós-menopausa foram avaliadas de acordo com suas percepções da qualidade de suas vidas sexuais. Elas responderam aos seguintes questionários: Perfil Sociodemográfico, Índice de Função Sexual Feminino (FSFI, na sigla em inglês), Inventário de Depressão Beck (BDI, na sigla em inglês) e Inventário Fatorial de Personalidade (IFP-II).
Mulheres com pior percepção sexual demonstraram baixa necessidade afetiva (p< 0,01) e baixa necessidade de organização (p< 0,01). Com base na necessidade de controle e oposição, não houve diferença entre os grupos. Os grupos de mulheres separadas pelo FSFI não demonstraram diferenças significativas.
Mulheres na pós-menopausa com menor escolaridade e características de personalidade que demonstre baixa necessidade afetiva e de organização possuem maior chance de apresentar disfunção sexual.
Resumo
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O prazer sexual é fundamental para a manutenção da saúde e do bem-estar da mulher, mas pode ser afetado negativamente por condições médicas e psicossociais. Em muitos casos, a mulher sente que sua saúde geral é restaurada após retomar sua vida sexual. Porém, a discussão sobre função sexual no consultório do ginecologista é limitada devido à falta de modelos ou protocolos disponíveis para orientar a intervenção neste tema.
Apresentar um modelo de intervenção nas disfunções sexuais femininas para ser utilizado pelo ginecologista.
Foi realizada uma revisão da literatura com levantamento de estudos sobre o manejo das disfunções sexuais femininas nas diferentes culturas. A partir desta revisão, foi elaborado um protocolo que consiste da história clínica e de um modelo de intervenção para orientar os ginecologistas no tratamento das queixas sexuais femininas.
O uso de protocolos pode facilitar a discussão sobre questões sexuais pelo ginecologista, e pode fornecer uma abordagem eficaz para lidar com os aspectos complexos da disfunção sexual feminina. O modelo proposto, ensinar, orientar e permitir (EOP), tem três fases: ensinar sobre a resposta sexual, na qual o ginecologista explica a fisiologia da resposta sexual feminina, e se concentra nas suas três principais fases (desejo, excitação e orgasmo); orientar sobre saúde sexual para fornecer informações sobre vivência saudável da sexualidade; e permitir a estimulação do prazer sexual, que é um direito individual e importante para o bem-estar físico e emocional do indivíduo.
O uso de protocolos pode fornecer uma abordagem eficaz para o ginecologista lidar com a disfunção sexual feminina.
Resumo
. ;:66-71
Verificar, em mulheres de 40 a 65 anos, a associação entre a intensidade dos sintomas climatéricos e a disfunção sexual.
Estudo observacional, analítico, transversal, comamostra de 63 mulheres entre 40 e 65 anos atendidas em um ambulatório de ginecologia de um hospital público do Nordeste do Brasil. Foi aplicado um questionário com dados de identificação, informações clínicas, dados ginecológico-obstétricos, hábitos de vida e doenças crônicas. Os sintomas climatéricos e a função sexual foram avaliados utilizando o índice de Kupperman e Blatt e o índice de função sexual feminina (IFSF) respectivamente. Para avaliar a associação entre estes índices, foi utilizado o teste do qui-quadrado, e, para avaliar a diferença entre as médias do IFSF de acordo com o status menopausal, foi utilizado o teste t de Student. Um valor de p < 0,05 foi considerado significante.
A média do índice de Kurpperman e Blatt da população estudada foi de 26,42 (desvio-padrão [DP]: 4,52). Houve presença de sintomas acentuados em 36,51% das mulheres estudadas. A média do IFSF entre as pacientes estudadas foi de 21,84 (DP: 4,11). Mais da metade das mulheres em estudo (58,73%) apresentou disfunção sexual (FSFI ≤ 26,5). Quando analisada a associação entre o índice de Kupperman e Blatt e o IFSF, foi observado que, quanto maior a intensidade dos sintomas climatéricos (Kupperman e Blatt), maior a frequência de disfunção sexual (IFSF). Apresentaram disfunção sexual 100% das pacientes com sintomas climatéricos acentuados, sendo que 70,59% com sintomas moderados, e apenas 9,09% com sintomas leves (p < 0,001).
No presente estudo, quando aplicados o índicesde Kupperman e Blatt e o IFSF, observou-se associação entre a gravidade dos sintomas climatéricos e a prevalência de disfunção sexual.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2000;22(3):153-157
DOI 10.1590/S0100-72032000000300006
Objetivo: avaliar, numa população brasileira, a possível associação entre história de violência sexual e algumas das queixas ginecológicas referidas com maior freqüência pelas mulheres. Métodos: análise secundária de dados de um estudo do tipo transversal retrospectivo em que foram entrevistadas, em seus domicílios, 1.838 mulheres com 15 a 49 anos de idade, residentes em Campinas e Sumaré, no Estado de São Paulo. Utilizou-se um questionário estruturado e pré-testado, que permitiu caracterizar a história de violência sexual das mulheres, a existência de disfunções sexuais e a presença de sintomas ginecológicos no ano anterior à entrevista. As diferenças estatísticas foram avaliadas com o teste chi². Resultados: pouco mais de um terço (38,1%) das mulheres não relatou história de violência sexual; 54,8% referiram que, alguma vez, tiveram relações sexuais contra sua vontade, sem terem sido forçadas a isto, embora 23% mencionaram algum tipo de constrangimento; 7,1% relataram já terem sido forçadas a manter relações. Verificou-se associação estatística entre história de violência sexual e a referência a queixas ginecológicas e a disfunções sexuais. Conclusões: evidenciou-se que até formas menos agressivas de imposição da vontade masculina na vida sexual do casal associaram-se a uma maior prevalência das queixas ginecológicas mais freqüentes. O ginecologista deve, portanto, ter em conta este fator etiológico, excepcionalmente considerado no presente momento.