Resumo
. ;:258-263
Identificar o período da vida emque indivíduos indentificaram pela primeira vez sua incongruência de gênero (IG), e comparar os dados sociodemográficos de homens e mulheres transgêneros (trans) atendidos em um ambulatório.
Estudo transversal realizado por meio de revisão dos prontuários de pessoas com IG em ambulatório especializado de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
Foram avaliados 193 prontuários de 2010 a 2018, e 109 (56.5%) pacientes apresentavamIG desde a infância. Homens trans perceberam a IG na infância com mais frequência do que as mulheres trans (razão de probabilidades [RP]: 2.06, intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 1.11-3.81). O uso de hormônio sem supervisão foi maior entre as mulheres trans (69.6% versus 32.3%; RP: 4.78; IC95%: 2.53-9.03). Todos as pessoas que estavam inseridas na prostituição ou que apresentavam algum diagnóstico de infecção sexualmente transmissível, incluindo o HIV, eram mulherestrans.
Apesar da percepção mais prevalente da IG na infância entre homens trans, os agravos sociais foram mais prevalentes entre as mulheres trans, o que pode ser resultado da marginalização social.
Resumo
. ;:275-280
Incongruência de gênero é umacondição na qual o indivíduo se identifica, deseja viver e ser aceito como uma pessoa do gênero oposto ao designado por ocasião do nascimento. Na disforia de gênero o indivíduo manifesta ansiedade e sofrimento pelo desejo de viver e ser aceito como uma pessoa do gênero oposto ao designado ao nascimento. O processo transsexualizador requer trabalho em equipe multiprofissional. O objetivo do tratamento hormonal é induzir o aparecimento de características sexuais masculinas secundárias por meio da administração da testosterona em indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos. O tratamento de estimulação androgênica costuma ser bem tolerado. Entretanto, ainda não existemevidências sobre os efeitos e riscos do uso da testosterona a longo prazo. Diferentes preparações farmacológicas da testosterona têm sido utilizadas. As mais utilizadas têm sido as injeções intramusculares de administração a curto prazo de ésteres, seguidas do cipionato de testosterona e do enantato de testosterona. Na maioria dos protocolos de tratamento observa-se o aparecimento de características corporais masculinas nos primeiros 6 meses, e a obtenção do máximo efeito da estimulação androgênica, após 3 a 5 anos de uso regular da testosterona. Recomenda-se a manutenção dos níveis plasmáticos de testosterona dentro dos limites fisiológicos para o sexo masculino (300 a 1.000 ng/dl), a fim de minimizar os riscos. A monitorização dos homens transgênero é recomendada a cada 3meses durante o primeiro ano de tratamento e a seguir, a cada 6 a 12 meses.
Resumo
. ;:545-551
Avaliar as características clínicas de indivíduos com disforia de gênero (DG).
Estudo transversal com pessoas transexuais. Os sintomas de ansiedade e depressão foram medidos usando a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. Os dados sociodemográficos, os dados clínicos, e os hábitos de vida foram registrados por meio de um questionário.
Um total de 44 indivíduos participou do estudo: 36 (82%)mulheres trans, e 8 (18%) homens trans. Quarenta e três (98%) destes apresentaram ansiedade, sendo 36 (100%) mulheres trans e 7 (87,5%) homens trans, e 36 (82%) apresentaram depressão, sendo 29 (80,5%) mulheres trans, e 7 (87,5%) homens trans. Um total de 32 (73%) indivíduos já haviam tentado suicídio. Os indivíduos que vivem comparceiros, pais ou outras pessoas tiveramuma menor taxa de depressão do que aqueles que vivem sozinhos (p = 0,03), e os indivíduos que eram casados tiveram uma menor taxa de depressão do que aqueles que estavam namorando ou solteiros (p = 0,03).
A melhoria do status de relacionamento pode reduzir a prevalência de sintomas depressivos empessoas transexuais. Encontrou-se uma alta taxa de tentativas de suicídio nessa amostra.