Resumo
. ;:607-613
O presente estudo tem como objetivo analisar desfechos fetais ou neonatais adversos em mulheres com diabetes gestacional, incluindo morte fetal, partos prematuros, peso ao nascimento, morbilidade neonatal e mortalidade, bem como o efeito sinérgico de fatores de risco e maus desfechos concomitantes da gravidez, como idade materna avançada, obesidade materna e pré-eclâmpsia no seu agravamento.
O presente estudo retrospetivo de coorte incluiu todas as gestantes com diabetes gestacional, com vigilância e parto no Hospital da Senhora da Oliveira durante 2017 e 2018. Os dados foram obtidos dos registos clínicos eletrônicos dos programas informáticos de saúde Sclinico e Obscare, e a análise estatística simples e multivariada foi feita utilizando o IBM SPSS Statistics.
Os participantes do estudo incluíram 301 gestantes que contribuíram para 7,36% do total de partos da instituição, num total de 300 nados vivos. Foi analisada a influência da coexistência de pré-eclâmpsia na morbilidade neonatal (p = 0,004), na ocorrência de recém-nascidos de baixo e muito baixo peso ao nascimento (p < 0,01) e em partos prematuros (p < 0,01). Também foi analisada a influência da obesidade materna (p = 0,270; p = 0,992; p = 0,684) e da idade materna avançada nesses 3 desfechos (p = 0,806; p = 0,879; p = 0.985).Usando uma análise multivariada, os únicos modelos com significância estatística para predizer os três desfechos neonatais incluíram apenas a pré-eclâmpsia (p = 0,04; p < 0,01; p < 0,01).
Apenas a coexistência de pré-eclâmpsia mostrou associação com desfechos neonatais adversos (morbilidade neonatal, recém-nascidos de baixo e muito baixo peso e partos prematuros) e pode ser utilizada como preditor destes em mulheres com diabetes gestacional.
Resumo
. ;:171-179
Avaliar o uso da tocólise em partos prematuros decorrentes de trabalho de parto espontâneo numa amostra brasileira.
Um total de 1.491 mulheres com parto prematuro decorrente de trabalho de parto espontâneo foram avaliadas, considerando a realização de tocólise ou conduta expectante, de acordo com a idade gestacional ao nascimento (< 34 semanas e 34 a 36 þ 6 semanas) e com as drogas prescritas. O estudo ocorreu em 20 hospitais brasileiros, de abril de 2011a julho de 2012. Análises bivariadas foram realizadas para avaliar associações com características sociodemográficas e obstétricas. Foram calculadas as relações de probabilidade comseus respectivos intervalos de confiança (95%) para os desfechos neonatais e maternos.
Um total de 1.491 casos de partos prematuros foram considerados, e a tocólise foi realizada em 342 (23%) casos, dos quais 233 (68,1%) tiveram partos antes das 34 semanas. No grupo da conduta expectante, 73% forampré-termos tardios e com trabalho de parto mais avançado à admissão. As drogas mais utilizadas foram os bloqueadores do canal de cálcio (62.3%), seguidos pelos betamiméticos (33%). No grupo da tocólise houvemais complicações neonatais ematernas (maioria não grave) e um uso de corticosteroides 29 vezes mais frequente que nos casos de conduta expectante.
A tocólise foi mais favorável nos casos de trabalho de parto inicial e nos partos realizados antes de 34 semanas de gestação, usando preferencialmente bloqueadores do canal de cálcio, comsucesso em realizar altas taxas de corticoterapia. A tocólise esteve associada a maiores taxas de complicações maternas e neonatais, o que pode ser explicado pela diferença basal dos casos à admissão. Entretanto, esses resultados devem acender um alerta em relação ao uso de tocolíticos.
Resumo
. ;:330-336
Avaliar o impacto da obesidade pré-gestacional (índice de massa corpórea [IMC] ≥30 kg/m2) sobre os resultados gestacionais e perinatais.
Estudo transversal retrospectivo, com 731 gestantes que apresentaram IMC ≥ 30 kg/m2 na primeira consulta de pré-natal, comparando-as a 3.161 gestantes com IMC entre 18,5 kg/m2 e 24,9 kg/m2. Foram avaliadas variáveis maternas e neonatais. A análise estatística baseou-se nas características demográficas das gestantes (obesas e com peso normal), e foi realizada com estatísticas descritivas seguidas de testes t de Student independentes bicaudais para variáveis contínuas, e teste de qui-quadrado (χ2) ou exato de Fisher para as variáveis categóricas. Foi realizada uma regressão linear múltipla do peso do recém-nascido sobre o IMC materno, ajustado por idade materna, síndromes hiperglicêmicas, síndromes hipertensivas hipertensivas e operações cesarianas, a fim de analisar a relação entre essas variáveis. Todas as análises foram realizadas com o uso de R (R Foundation for Statistical Computing, Viena, Áustria) para Windows, versão 3.1.0. Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significante.
A obesidade associou-se à idade materna [OR 9,8 (7,8-12,2); p < 0,01], distúrbios hiperglicêmicos [OR 6.5 (4,8-8,9); p < 0,01], distúrbios hipertensivos (RP: 7,6 [6,1-9,5]; p < 0,01), maior taxa de operação cesariana [OR 2,5 (2,1-3,0); p < 0,01], macrossomia fetal [OR 2,9 (2,3-3,6); p < 0,01] e baixo pH na artéria umbilical [OR 2,1 (1,4-2,9); p < 0,01]. Não foi observada associação com tempo de trabalho de parto, sangramento durante o trabalho de parto, índice de Apgar no 1° e 5° minutos, idade gestacional, natimortalidade e mortalidade neonatal precoce, malformações congênitas e tocotraumatismo materno e fetal.
O estudo mostrou que a obesidade pré-gestacional associou-se com idade materna mais elevada, distúrbios hiperglicêmicos e hipertensivos, taxas mais altas de operação cesariana, macrossomia e acidose fetal.