Resumo
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Este artigo objetiva revisar a literatura quanto ao uso das tecnologias como promotoras de saúde mental de gestantes. Desta forma, compreender quais são as estratégias utilizadas no cuidado da saúde mental dessas mulheres, assim como verificar se há evidências científicas que justifiquem a implementação dessas práticas.
Este estudo segue o protocolo PRISMA para revisões sistemáticas de 27 estudos publicados em 2012-2019, incluindo publicações em português, inglês e espanhol.
Os resultados revelaram diferentes possibilidades de utilização da tecnologia, sendo o uso de mensagens de texto e de aplicativos em smartphones mais os utilizados (22,5%). No que se refere às ferramentas utilizadas, estratégias cognitivo-comportamentais, tais como verificação do humor, exercícios de relaxamento e psicoeducação compreenderam 44,12% do conteúdo.
Verifica-se a necessidade de mais investimentos nessa área para que se possa compreender as possibilidades de intervenção em saúde mental na era digital.
Resumo
. ;:1094-1101
Avaliar os desfechos maternos e neonatais em mulheres com doença renal crônica (DRC) em um centro de referência para gestação de alto risco.
Coorte retrospectiva de gestantes com DRC acompanhadas no Hospital da Mulher da Universidade Estadual de Campinas, Brasil, entre 2012 e 2020. Variáveis relacionadas à etiologia da doença, duração do tratamento, variáveis sociodemográficas, estilo de vida, outras doenças associadas, história obstétrica, número de consultas de pré-natal e os resultados perinatais foram avaliados. As causas da DRC foram agrupadas em 10 subgrupos. Posteriormente, dividimos a amostra de acordo com a idade gestacional no parto, pois os nascimentos pré-termo e a termo comparam os desfechos maternos e neonatais bem como as características basais e desfechos entre esses grupos.
Um total de 84 gestações foram incluídas em 67 mulheres com DRC. Dentre elas, seis gestações evoluíram para óbito fetal, cinco para aborto espontâneo, e uma era gestação gemelar. Foram analisadas ainda 72 gestações únicas, com nascidos vivos; a idade gestacional média ao nascer foi de 35 semanas e 3 dias, e o peso médio ao nascer foi 2.444 g. Cerca de metade da amostra (51,39%) apresentava hipertensão prévia e 27,7% desenvolveram pré-eclâmpsia. Entre os casos de prematuridade (34 casos), observamos maior frequência de síndromes hipertensivas, mais dias de internação materna na UTI no pós-parto, maior incidência de internação na UTI neonatal, óbito neonatal, menor índice de Apgar de 5 minutos e menor peso ao nascimento.
Este estudo demonstra o aumento de desfechos adversos em gestações complicadas por DRC e amplia o conhecimento sobre cuidados obstétricos entre essas mulheres na tentativa de reduzir os riscos maternos e identificar fatores relacionados à prematuridade nessa população.
Resumo
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O objetivo deste estudo foi avaliar a adequabilidade do pré-natal de puérperas atendidas no hospital universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, durante a pandemia de COVID-19 e avaliar a associação de características sociodemográficas, clínicas e de acesso com essa adequabilidade.
Este estudo foi realizado de outubro a dezembro de 2020, com 254 puérperas que tiveram seus partos no hospital universitário. Os dados foram obtidos a partir de questionários respondidos pelas pacientes e dos seus cartões de pré-natal e prontuários para obter demais dados clínicos. O pré-natal foi classificado como adequado, intermediário ou inadequado segundo o número de consultas, idade gestacional ao início do pré-natal, e realização de exames. Inicialmente, se realizou uma análise estatística descritiva e, após, bivariada/com razão de chance quanto às variáveis maternas sociodemográficas, clínicas, e de acesso a saúde comparados com adequabilidade do pré-natal.
O pré-natal foi considerado adequado em 35,8%, intermediário em 46,8% e inadequado em 17,4% dos casos. Estiveram associados a uma assistência pré-natal não-adequada (pré-natal intermediário ou inadequado) as seguintes variáveis maternas: cor de pele preta, parda, ou indígena, ter dois ou mais filhos, ser de nacionalidade estrangeira, não possuir fluência em português, uso de drogas ilícitas durante a gestação; as variáveis clinicas foram: lacuna de mais de 6 semanas entre consultas e não ser atendida em pré-natal de alto risco; quanto a acesso, as variáveis foram: dificuldade de ir e de agendar as consultas e ter tido consultas virtuais.
Em uma amostra de gestantes de um hospital universitário de Florianópolis durante a pandemia do Covid-19, a assistência pré-natal foi considerada adequada em 35,8%, intermediária em 46,8%, e inadequada em 17,4% dos casos.
Resumo
. ;:220-230
Avaliar o efeito do método de contagem de carboidratos no controle glicêmico, desfechos maternos e perinatais de gestantes com diabetes mellitus (DM) pré-gestacional.
Ensaio clínico controlado não randomizado realizado com 89 gestantes com DM pré-gestacional atendidas em hospital público do Rio de Janeiro, RJ, Brasil, entre 2009 e 2014, divididas emgrupo controle histórico e grupo intervenção. O grupo intervenção (n=51) recebeu orientação nutricional combase nométodo de contagem de carboidratos (CCM) e o grupo controle histórico (n=38) foi orientado pelo método tradicional (MT). Os testes de Mann-Whitney ou de Wilcoxon foram usados para comparar os desfechos intra- e intergrupos e, para avaliar a glicemia pós-prandial, análise de variância (ANOVA, na sigla em inglês) para medidas repetidas foi usada.
Somente o grupo com método CCM apresentou redução da glicemia de jejum. A glicemia pós-prandial diminuiu no 2° (p=0,00) e 3° (p=0,00) trimestres gestacionais no grupo com método CCM, e no grupo com método tradicional, a redução ocorreu apenas no 2° trimestre (p=0,015). Para os resultados perinatais e distúrbios hipertensivos da gravidez, não houve diferenças entre os grupos. O parto cirúrgico foi realizado em 82% das gestantes e esteve associado a distúrbios hipertensivos gestacionais (p=0,047).
Ambos osmétodos de orientação nutricional contribuírampara a redução da glicemia pós-prandial e não foram observadas diferenças para os resultados maternos e perinatais. No entanto, o método CCM apresentou melhor efeito sobre a glicemia pós-prandial e foi o único que induziu redução da glicemia de jejum.
Resumo
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A maioria dos programas de triagem pré-natal para toxoplasmose utiliza imunoensaios em amostras de soro de gestantes. Poucos estudos avaliam a acurácia dos testes de triagem em amostras de sangue seco, que são de fácil coleta, armazenamento e transporte. Este estudo teve como objetivo determinar o desempenho e avaliar a concordância entre um imunoensaio em sangue seco e um teste de referência em soro de gestantes de um programa de rastreamento pré-natal de base populacional para toxoplasmose no Brasil.
Realizou-se um estudo transversal para comparar os imunoensaios Imunoscreen Toxoplasmose IgM e Imunoscreen Toxoplasmose IgG (Mbiolog Diagnósticos, Ltda., Contagem, Minas Gerais, Brazil) em sangue seco com o padrão de referência ensaio fluorescente ligado a enzimas (enzyme-linked fluorescent assay, ELFA, BioMérieux S.A., Lion, França) no soro de gestantes do Programa de Controle de Toxoplasmose Congênita de Minas Gerais.
O exame em sangue seco foi capaz de discriminar os resultados positivos e negativos das gestantes quando comparado ao teste de referência, com acurácia de 98,2% para imunoglobulina G (IgG), e de 95,8% para imunoglobulina M (IgM).
O sangue seco apresenta bom desempenho e é uma amostra de fácil coleta, armazenamento e transporte, o que o torna um método promissor para programas de triagem pré-natal de toxoplasmose em países com dimensões continentais, recursos limitados, e alta prevalência de toxoplasmose, como é o caso do Brasil.
Resumo
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Determinar a adequação do cumprimento dos cuidados pré-natais (CPN) por mulheres grávidas no Peru e identificar os fatores associados.
Foi realizado um estudo analítico transversal dos dados da Pesquisa Demográfica e de Saúde da Família Peruana de 2019 (Encuesta Demográfica y de Salud Familiar, ENDES, em espanhol). A variável dependente foi conformidade adequada coma CPN (fornecida por profissionais de saúde qualificados; primeira visita CPN durante o primeiro trimestre de gravidez; seis ou mais visitas CPN durante a gravidez; visitas CPN com conteúdo apropriado) por mulheres de 15 a 49 anos em seu último parto nos cinco anos anteriores à pesquisa. Os índices de prevalência bruta e ajustada e seus intervalos de confiança de 95% foram calculados usando um modelo de regressão log-binomial.
Foi analisado um total de 18.386 mulheres, das quais 35,0% cumpriram adequadamente o CPN. A menor proporção de conformidade foi encontrada com o conteúdo de ANC (42,6%). Fatores sociodemográficos e aqueles relacionados à gravidez, como estar na faixa etária de 20 a 34 anos e 35 a 49 anos, ter educação secundária ou superior, pertencer a um quintil de riqueza da população que não a mais pobre, ser da região da selva, não ser de etnia nativa, ter um segundo ou terceiro gravidez, e tendo uma gravidez desejada, aumentou a probabilidade de apresentar conformidade adequada com CPN.
Apenas 3 em cada 10 mulheres no Peru mostraram conformidade adequada com o CPN. O cumprimento do conteúdo do CPN deve ser melhorado, e estratégias devem ser desenvolvidas para aumentar a proporção de cumprimento adequado com o CPN.
Resumo
. ;:256-263
Investigar a associação entre diferentes índices de adequação do cuidado pré-natal (PN) e o desfecho de nascimentos com baixo peso (BP).
Foram investigados 368.093 nascimentos ocorridos no estado do Rio de Janeiro entre 2015 e 2016, utilizando-se as informações do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Sete índices de adequação do cuidado PN foram avaliados: quatro propostos por autores nacionais (Ciari Jr et al., Coutinho et al., Takeda, e um índice atualmente em uso pelo Ministério da Saúde - MS), e três, por autores internacionais (Kessner et al., Adequacy of Prenatal Care Utilization index - APNCU, e Graduated Prenatal Care Utilization Index - GINDEX). As razões de chance ajustadas para BP foram estimadas considerando os índices de adequação do cuidado PN por meio de modelos de regressão logística, utilizando características maternas, da gravidez e do recém-nascido como variáveis de controle.
As chances ajustadas para ocorrência de BP ao nascer aumentam de 42% a 132%, a depender do índice empregado, quando o cuidado PN é considerado inadequado. Mães entre 15 e 17 anos e entre 35 e 45 anos, sem companheiro, de cor parda ou preta, com ensino fundamental incompleto, e primíparas, com gestações pré-termo, além de bebês do sexo feminino são fatores de risco para os nascimentos com BP.
Entre os índices avaliados, o APNCU foi o que apresentou melhor poder discriminatório e capacidade de prever o desfecho de BP ao nascer.
Resumo
. ;:805-810
Analisar as indicações mais frequentes para realização de ecocardiografia fetal, incluindo idade materna avançada, e a associação destas com exames alterados.
Foram incluídas todas as gestantes que realizaram ecocardiografia fetal na idade gestacional entre 22 e 32 semanas, em 2 centros de referência no Rio de Janeiro, no período de junho de 2015 a junho de 2016. Foi considerada idadematerna avançada se no momento do parto a idade materna fosse> 35 anos. As indicações e os resultados dos exames foram registrados, segundo a Diretriz Brasileira de Cardiologia Fetal. Foramcalculadas as razões de prevalência brutas e ajustadas através da regressão de Poisson, considerando-se p < 0,05.
Um total de 1.221 exames foram analisados. A frequência de exame ecocardiográfico alterado foi 14,82%. As alterações mais frequentes foram defeito do septo interventricular (6,39%), hipertrofia septal (3,35%) e defeito do septo atrioventricular (1,14%). Quinhentos e cinquenta e nove exames foram realizados com indicação de rotina, 289 por idade materna avançada e 373 preenchiam critério de acordo com a Diretriz Brasileira de Cardiologia Fetal. O exame ecocardiográfico alterado foi associado ao ultrassom obstétrico sugerindo cardiopatia fetal, ao diabetes materno, à translucência nucal aumentada e ao ultrassom obstétrico sugerindo alteração extracardíaca. Não foi observada maior frequência de exame ecocardiográfico alterado nas gestantes com idade materna avançada, comparado ao restante da amostra.
Constatou-se elevada frequência de indicações de rotina, e por idade materna avançada isoladamente, que não foram associados a alterações da ecocardiografia fetal. Em nosso meio, quando o ultrassom obstétrico sugere cardiopatia fetal, é muito provável que a ecocardiografia fetal tambémseja anormal. Portanto, o ultrassom obstétrico é um bom método de rastreio pré-natal.