Resumo
. ;:796-807
A menopausa causa diversas alterações no corpo que podem afetar a resposta ao COVID-19. Nosso objetivo foi investigar a possível associação entre o status da menopausa e a incidência e os resultados em pacientes com COVID-19.
Combinações de palavras-chave COVID-19, menopausa e estrogênio foram usadas para pesquisar os bancos de dados PubMed, Embase, Web-of-Science e Scopus para artigos relatando a incidência e os resultados do COVID-19 (alta, tempo de internação, tratamento intensivo cuidados ou mortalidade) em mulheres na pré-menopausa, disponível até 29 de dezembro de 2022. Dados de estudos comparando a incidência de infecção por COVID-19 com a população masculina da mesma idade foram agrupados e meta-analisados usando um modelo de efeitos aleatórios.
No geral, 1.564 estudos foram recuperados, dos quais 12 foram finalmente incluídos na revisão sistemática para comparar os resultados da doença e 6 foram meta-analisados para a incidência de COVID-19 em mulheres na pré e pós-menopausa. Todos os estudos relataram melhores resultados associados ao COVID-19 em mulheres na pré-menopausa em comparação com mulheres na pós-menopausa. Após o ajuste para fatores de confusão, três estudos encontraram melhores resultados em mulheres na pós-menopausa e dois não encontraram associação entre o status da menopausa e os resultados do COVID-19. Nossa meta-análise encontrou uma maior incidência de infecção por COVID-19 entre mulheres na pré-menopausa do que mulheres na pós-menopausa, quando comparadas com homens da mesma idade (odds ratio = 1,270; intervalo de confiança de 95%: 1,086–1,486; p = 0,003).
A incidência de COVID-19 foi significativamente maior em mulheres na pré-menopausa do que em mulheres na pós-menopausa quando comparadas com homens da mesma idade. Embora as mulheres na pré-menopausa possam ter resultados mais favoráveis associados ao COVID-19, o efeito preventivo presumido dos estrogênios na incidência e nos resultados relacionados ao COVID-19 em mulheres na pré-menopausa não pode ser comprovado no momento. Mas estudos longitudinais comparando mulheres pré e pós-menopausa são necessários para fornecer mais informações sobre este assunto.
Resumo
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Analisar o impacto pandemia de COVID-19 sobre a residência de ginecologia e obstetrícia do Estado de São Paulo.
Estudo transversal desenvolvido por representantes dos residentes da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (SOGESP). Foram coletados dados de questionários aplicados aos residentes de ginecologia e obstetrícia cadastrados no site da SOGESP em fevereiro de 2022. Os entrevistados responderam sobre repercussões da pandemia sobre a residência médica e se tiveram suporte técnico e psicológico durante o período.
Foram levantados 247 questionários de residentes de ginecologia e obstetrícia. Os residentes apresentaram idade de 28,3 ± 3 anos, sendo a maioria do sexo feminino (88,4%). O deslocamento para “covidários” foi referido por 62,34% dos avaliados, porém somente 35,6% referiram equipamento de proteção individual completamente adequado e apenas 7,7% referiram instrução completa teórica e técnica para o suporte destes pacientes. Quase a totalidade dos entrevistados afirmou que o setor de ginecologia foi o mais afetado. A maioria dos entrevistados considerou que o os residentes do segundo ano foram os que tiveram maior prejuízo, sendo que mais da metade dos residentes do 1° e 2° ano afirmou ter desejado desistir da residência durante a pandemia. Mais de 80% dos residentes referiram aulas teóricas e/ou apresentação de artigos online, reforçando o fato de que as atividades virtuais ganharam um espaço maior dentro da residência médica.
A pandemia impactou nas residências em maior proporção nos ambulatórios e cirurgias ginecológicas, interferindo também sobre o desejo do médico de seguir com o programa.
Resumo
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Comparar as taxas de cesárea segundo a Classificação de Robson, assim como suas indicações, em mulheres admitidas para parto durante a primeira onda de doença do coronavírus 2019 (coronavirus disease 2019, COVID-19, em inglês), com as do ano anterior.
Conduzimos um estudo transversal que comparou as mulheres admitidas para parto entre abril e outubro de 2019 (pré-pandemia) e entre março e setembro de 2020 (durante a pandemia). As cesarianas e as suas indicações foram classificadas conforme o sistema proposto por Robson, e obteve-se a via de parto (vaginal ou cesárea). Ambos os períodos foram comparados usando-se os testes do Qui quadrado ou o exato de Fisher.
Ao todo, 2.943 mulheres foram incluídas, das quais 1.291 antes da pandemia e 1.202 durante a pandemia. A taxa de cesárea aumentou significativamente (de 39.66% para 44,01%; p = 0,028), principalmente devido a desejo materno (de 9,58% para 25,38%; p < 0,01). Os grupos 5 e 2 foram os que mais contribuíram para as taxas de cesárea. Durante a pandemia, o grupo 1 reduziu sua frequência, enquanto o grupo 2 a aumentou.
Houve uma aparente mudança nas características da população conforme a classificação de Robson. Observou-se significativo aumento nas taxas de cesárea, principalmente por desejo materno, o que reflete possíveis incertezas e medos relacionados à COVID-19.
Resumo
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Determinar a existência de SARS-CoV-2 no fluido peritoneal para avaliar o risco de exposição através da fumaça cirúrgica e aerossolização que ameaçam os profissionais de saúde durante a cirurgia abdominal.
O SARS-CoV-2 é um vírus respiratório e as possíveis formas de transmissão viral são gotículas respiratórias, contato próximo e rota fecal-oral. As cirurgias representam risco para os profissionais de saúde devido ao contato próximo com os pacientes. As partículas aerossolizadas podem ser inaladas através do CO2 vazado durante os procedimentos laparoscópicos e a fumaça cirúrgica produzida pela eletrocauterização.
Todos os dados de 8 pacientes, que foram testados positivos para COVID-19, foram coletados entre 31 de agosto de 2020 e 30 de abril de 2021. Dados clinicopatológicos registrados incluíam idade, sintomas, achados radiológicos e laboratoriais, tratamento antiviral antes da cirurgia, tipo de cirurgia e existência do vírus no fluido peritoneal. O diagnóstico foi feito através do swab nasofaríngeo RT-PCR. A existência de COVID-19 no fluido peritoneal foi determinada pelo teste de RT-PCR também.
Todas as 8 pacientes positivas para COVID-19 estavam grávidas, e as cirurgias eram cesarianas. 1 das 8 pacientes estava com febre durante a cirurgia. Também apenas 1 paciente tinha achados radiológicos pulmonares especificamente indicando infecção por COVID-19. Os achados laboratoriais foram os seguintes: 4 de 8 tinham linfopenia e todas apresentavam níveis elevados de D-dímero. Amostras de fluido peritoneal e líquido amniótico de todas as pacientes foram negativas para SARS-CoV-2.
A exposição ao SARS-CoV-2 devido à aerossolização ou fumaças cirúrgicas não parece ser provável, desde que sejam tomadas as precauções necessárias.
Resumo
. ;:253-260
Avaliar o impacto da raça (negra versus não negra) nos desfechos maternos e perinatais de gestantes com COVID-19 no Brasil.
Esta é uma subanálise da REBRACO, um estudo de coorte multicêntrico brasileiro desenhado para avaliar o impacto da COVID-19 em mulheres grávidas. De fevereiro de 2020 a fevereiro de 2021, 15 maternidades do Brasil coletaram dados de mulheres com sintomas respiratórios. Selecionamos todas as mulheres com teste positivo para COVID-19; em seguida, as dividimos em dois grupos: mulheres negras e não negras. Finalmente, comparamos, entre os grupos, os resultados sociodemográficos, maternos e perinatais. Obtivemos a frequência dos eventos em cada grupo e comparamos usando o teste X2; Valores de p <0,05 foram considerados significativos. Também estimamos o odds ratio (OR) e os intervalos de confiança (IC).
729 mulheres sintomáticas foram incluídas no estudo; desses, 285 foram positivos para COVID-19, 120 (42,1%) eram negros e 165 (57,9%) não eram negros. As mulheres negras apresentaram pior escolaridade (p = 0,037). O tempo de acesso ao sistema de saúde foi semelhante entre os dois grupos, com 26,3% incluídos com sete ou mais dias de sintomas. Síndrome respiratória aguda grave (OR 2,22 CI 1,17–4,21), admissão em unidade de terapia intensiva (OR 2,00 CI 1,07–3,74) e dessaturação na admissão (OR 3,72 CI 1,41–9,84) foram mais prováveis de ocorrer entre mulheres negras. A mortalidade materna foi maior entre as negras (7,8% vs. 2,6%, p = 0,048). Os resultados perinatais foram semelhantes entre os dois grupos.
Mulheres negras brasileiras tiveram maior probabilidade de morrer devido às consequências da COVID-19.
Resumo
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Revisar a literatura e sintetizar evidências sobre interações fisiopatológicas atribuídas à ocorrência simultânea de COVID-19 e pré-eclâmpsia.
Uma revisão sistemática foi conduzida entre novembro (2021) a janeiro (2022) para recuperar estudos observacionais publicados no PubMed, LILACS, SciELO Brasil e Google scholar. A busca foi baseada nos descritores [(eclâmpsia OR pré-eclâmpsia) AND (COVID-19)]. Estudos quantitativos que apontaram interações fisiopatológicas foram incluídos. Estudos de revisão, com participante HIV e apenas com enfoque clínico foram excluídos. A seleção dos estudos foi padronizada com avaliação por duplas de pesquisadores.
Nesta revisão, 155 publicações foram recuperadas; 16 preencheram os critérios de inclusão. Em síntese, a expressão fisiológica de receptores da enzima conversora da angiotensina-2 (ECA-2) é fisiologicamente potencializada em gestantes, especialmente no sítio placentário. Os estudos sugerem que o coronavírus se liga à ECA-2 para entrar na célula humana, ocasionando desregulação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e da razão entre angiotensina-II e angiotensina-1-7, induzindo manifestações sugestivas de pré-eclâmpsia. Ademais, a tempestade de citocinas conduz à disfunção endotelial, vasculopatia e formação de trombos, também presentes na pré-eclâmpsia.
Os estudos recuperados nesta revisão sugerem que a superposição de alterações fisiopatológicas entre a COVID-19 e a pré-eclâmpsia envolve, principalmente, a ECA-2 e disfunção endotelial. Tendo em vista que a pré-eclâmpsia cursa com alterações clínicas e laboratoriais progressivas, a atenção pré-natal de qualidade pode ser capaz de detectar parâmetros clínicos e laboratoriais importantes para diferenciar a pré-eclâmpsia verdadeira sobreposta por COVID-19, bem como os casos que mimetizam a doença hipertensiva consequente à infecção viral.
Resumo
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Avaliar o impacto da pandemia de coronavirus disease 2019 (Covid-19) no atendimento de pacientes com aborto espontâneo e interrupção legal da gravidez em um hospital universitário no Brasil.
Estudo transversal com mulheres admitidas por aborto por qualquer causa no Hospital da Mulher Prof. Dr. J. A. Pinotti da Universidade de Campinas (UNICAMP), Brasil, entre julho de 2017 e setembro de 2021. As variáveis dependentes foram complicações relacionadas ao aborto e interrupção legal da gravidez. As variáveis independentes foram período pré-pandemia (até fevereiro de 2020) e período pandêmico (a partir de março de 2020). O teste de Cochran-Armitage, teste do qui-quadrado, teste de Mann-Whitney e regressão logística múltipla foram utilizados para análise estatística.
Foram incluídas 561 mulheres, 376 no período pré-pandemia e 185 no período pandêmico. A maioria das pacientes durante a pandemia era solteira, sem comorbidades, teve gravidez não planejada e optou por iniciar método anticoncepcional após a alta hospitalar. Não houve tendência significativa para mudanças no número de interrupções legais ou complicações. As complicações foram associadas a: falha do método contraceptivo (razão de chances [RC] 2,44; intervalo de confiança [IC] 95% 1,23–4,84), idade gestacional (RC 1,126; IC 95% 1,039–1,219) e preparo do colo uterino com misoprostol (RC 1,99; IC 95% 1,01–3,96).
Não houve diferenças significativas na duração dos sintomas, transporte ao hospital ou tendência de redução do número de abortos legais e aumento de complicações. O perfil das pacientes provavelmente reflete o impacto da pandemia no planejamento familiar.
Resumo
. ;:602-608
O objetivo do presente estudo é listar os ensaios clínicos publicados sobre as vacinas para coronavirus disease 2019 (COVID-19), descrever seus mecanismos de ação e descrever protocolos sobre segurança, status e priorização de pacientes oncológicos para vacinação.
Trata-se de uma revisão sistemática com uma pesquisa bibliográfica limitada conduzida por um especialista em informação; bases de dados como PubMed e sites das principais organizações de câncer foram pesquisados. Os principais termos de pesquisa foram COVID-19, vacinação, câncer e câncer de mama e ginecológico.
Pacientes com câncer infectados com o novo coronavírus têm alto risco de complicações e morte, mas ainda sabemos pouco sobre os riscos e benefícios da vacinação para COVID-19 nesses pacientes. Em um cenário ideal, todos os pacientes com câncer deveriam ter seu estado de imunização atualizado antes de iniciar o tratamento, mas nem sempre isso é possível.
Pacientes com câncer de mama ou ginecológico em tratamento ou no período pós-tratamento de 5 anos devem ser incluídos no grupo prioritário para vacinação contra severe acute respiratory syndrome coronavirus-2 (SARS-CoV-2.)