Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2021;43(8):600-607
15/11/2021
Determinar a concordância entre o diagnóstico clínico de mulheres com corrimento vaginal anormal (AVD) e os resultados laboratoriais por meio da detecção molecular e observação da microbiota vaginal.
Estudo transversal realizado em 2018 em Temuco, Chile. Participaram 25 parteiras de 12 centros de saúde. Um total de 125 mulheres>18 anos, voluntárias, foramrecrutadas. A amostra do fórnice vaginal posterior foi obtida por especuloscopia. Foram observadas características da secreção e da genitália externa e interna. A coloração de Gram foi usada para observar a microbiota vaginal, blastoconídios e pseudo-hifas, e a reação em cadeia da polimerase foi usada para a detecção de Trichomonas vaginalis e Candida albicans. O coeficiente kappa de Cohen foi usado na análise de concordância.
De um total de 125 mulheres com AVD, 85,6% consultaram espontaneamente e 14,4% foram diagnosticados clinicamente durante um check-up de rotina. A concordância absoluta foi significativa (p=0,0012), com concordância de 13,6%. A concordância relativa foi significativa, mas razoável para vaginose bacteriana (Kappa =0,21; p=0,003) e candidíase (Kappa=0,22; p=0,001), e leve para tricomoníase (Kappa=0,14; p=0,009). O percentual de coincidência dos diagnósticos (solteiros ou mistos) por laboratório e parteiras foi: vaginose bacteriana 63,2% (12/19), candidíase 36,5% (27/74) e tricomoníase 12,5% (4/32). Houve 20% de coinfecção. Umtotal de 36% dos diagnósticos clínicos de AVD tiveram exames laboratoriais negativos.
As condições de vulvovaginite candidíase e tricomoníase parecem ser sobrediagnosticadas, e a vaginose bacteriana parece ser subdiagnosticada pelo diagnóstico clínico quando comparado com o diagnóstico laboratorial. A baixa concordância obtida mostra a importância de complementar o diagnóstico clínico comestudo laboratorial de AVD, principalmente emmulheres com falha de tratamento e / ou coinfecções com sinais e sintomas inespecíficos e variáveis.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2001;23(10):641-646
01/07/2001
DOI 10.1590/S0100-72032001001000005
Objetivo: analisar a prevalência de vaginose bacteriana (VB) em mulheres inférteis e em menopausadas e os métodos mais comumente usados na prática clínica para o seu diagnóstico. Métodos: foram avaliadas retrospectivamente 104 pacientes na menopausa e 86 inférteis. A presença de corrimento vaginal característico, pH vaginal >4,5, teste das aminas (whiff test) positivo e achado de vaginose bacteriana à coloração da secreção pelo Gram foram considerados positivos. Foi estabelecido diagnóstico de VB quando 3 dos 4 critérios acima fossem satisfeitos. Resultados: analisando os métodos diagnósticos separadamente observamos, entre as menopausadas, 29 pacientes com corrimento vaginal característico (28,1%), 10 (9,6%) com whiff test positivo, 68 (65,4%) com pH vaginal >4,5 e 34 (32,7%) com teste do Gram positivo. Nas mulheres inférteis os resultados foram 20 (23,2%), 13 (15,1%), 61 (70,9%) e 26 (30,2%), respectivamente. Ao analisarmos todos os critérios em conjunto, em 14 pacientes na menopausa (13,5%) e em 15 inférteis (17,4%) foi diagnosticada VB. Conclusão: a prevalência de VB foi similar nos 2 grupos de pacientes. Além disso, todos os métodos diagnósticos devem ser utilizados a fim de não se sub ou super-diagnosticar essa patologia.