Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(8):377-380
DOI 10.1590/SO100-720320140005019
O angiomiolipoma é um tumor benigno, constituído por adipócitos, células de músculo liso e vasos sanguíneos. Sua associação com a gravidez é rara e está relacionada com um aumento de complicações, nomeadamente rotura com hemorragia retroperitoneal maciça. O follow-up é controverso em razão do escasso número de casos descritos, no entanto as prioridades são: diagnóstico atempado nas situações urgentes e, sempre que possível, tratamento conservador. O tipo de parto não é consensual e deve ser individualizado caso a caso. Relatamos um caso de uma grávida com 18 semanas de gestação que recorreu ao serviço de urgência por lombalgia direita aguda, sem outros sintomas relevantes. Diagnosticou-se ecograficamente rotura de angiomiolipoma renal e, em decorrência da estabilidade hemodinâmica do quadro, procedeu-se ao tratamento conservador com monitorização imagiológica e clínica. Às 35 semanas de gestação, realizou-se uma cesariana eletiva que decorreu sem complicações maternas ou fetais.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2011;33(1):43-48
DOI 10.1590/S0100-72032011000100007
Em pacientes grávidas portadoras de câncer de colo de útero (CCU), as opções terapêuticas dependem da idade gestacional, do estágio clínico e do desejo da paciente. Alguns autores relataram casos de quimioterapia neoadjuvante seguidos de cirurgia radical nessas pacientes. O objetivo deste artigo foi revisitar o assunto, adicionar um novo caso e revisar a literatura. Relatamos o caso de uma mulher de 30 anos, na 24ª semana de gestação, que teve diagnóstico de câncer de colo de útero (carcinoma escamoso grau II), estágio IIB (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia - FIGO). Nulípara, a paciente recusou a interrupção da gravidez. Após meticuloso esclarecimento, a paciente aceitou tratamento com quimioterapia neoadjuvante com cisplatina 75 mg/m² e vincristina 1 mg/m², além de posterior avaliação de cirurgia radical e parto cirúrgico concomitantes. Quatros ciclos completos de quimioterapia foram administrados sem atrasos ou efeitos adversos importantes. Poucos dias antes da data programada para a cirurgia, a paciente foi admitida em trabalho de parto na 37ª semana de gestação. Devido à resposta clínica completa do tumor, a equipe obstétrica optou por monitorar o trabalho de parto, e a paciente deu à luz um recém-nascido de 2.450 g, sem intercorrências. A cirurgia radical foi realizada três dias após o parto, e a análise histopatológica revelou carcinoma confinado ao colo sem envolvimento linfonodal. Mãe e filho se encontram em bom estado geral 12 meses após o parto. Quimioterapia baseada em cisplatina durante o segundo ou terceiro trimestre da gravidez parece ser uma opção para as pacientes que não desejam a interrupção da gravidez enquanto se aguarda a maturidade fetal. Entretanto, estudos adicionais são necessários para confirmar o prognóstico e a segurança dos recém-nascidos e das pacientes.