Resumo
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Avaliar o papel da citologia oncótica (CO) no diagnóstico da neoplasia intraepitelial cervical 2 ou maior (NIC2+) presente exclusivamente no canal endocervical, as características clínico-epidemiológicas deste tipo de lesão, o comprimento necessário de canal a ser retirado na conização, e a taxa de lesão invasora oculta no canal endocervical.
Estudo transversal, por análise de base de dados, de pacientes comcitologia alterada, sem lesão colposcópica visível, submetidas a conização por cirurgia de alta frequência (CAF), para avaliar a associação dos resultados citológicos com o produto histológico da conização, as características epidemiológicas da lesão endocervical, e evolução clínica, utilizando o valor de p<0.05 e intervalo de confiança (IC) de 95%.
Nos 444 casos analisados, a sensibilidade da CO para o diagnóstico de NIC 2+ foi de 75% (IC 95%: 69.8-79.7), a especificidade foi de 40% (IC 95%: 30.2-49.5), e a taxa de prevalência de lesão histológica foi de 73% (IC 95%: 70.1-78.7). Houve maior prevalência de NIC2+ em pacientes com mais de 42 anos de idade e de neoplasia invasora naquelas commais de 56 anos (p<0.001), e foi necessário a retirada de 2.6 cm de comprimento de canal para diminuir a taxa de recidiva (p<0.006). Foi identificada uma taxa de 2.7% de neoplasia invasora.
A citologia esteve relacionada a uma alta prevalência de lesão (73%) no diagnóstico das NIC2+ na doença endocervical; quanto maior a idade, maior foi a relação da histologia com a citologia de canal, e se fez necessário retirar uma média de 2.6 cmde comprimento de canal para evitar a persistência e a progressão da NIC. A taxa de neoplasia oculta no canal endocervical foi 2.7%.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(5):365-370
DOI 10.1590/S0100-72032003000500010
OBJETIVO: avaliar o desempenho da carga viral do HPV por captura de híbridos II (CHII) na predição da gravidade das lesões cervicais. MÉTODOS: foram incluídas 309 mulheres admitidas por resultado anormal da colpocitologia oncológica (CO) entre agosto de 200 e novembro de 2002. Todas foram submetidas a avaliação histológica, sendo que a presença de neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) grau 2 ou mais (NIC 3, carcinoma invasor) foi considerada doença grave. A CHII foi realizada para tipos de HPV de alto risco oncogênico e a carga viral medida em unidades relativas de luz (URL). O desempenho da CHII foi avaliado por curva receiver operating characteristics (ROC). RESULTADOS: na avaliação histológica, 140 (45,3%) mulheres apresentavam cervicite ou NIC 1 e 199 (54,7%), NIC 2/3, adenocarcinoma in situ ou câncer invasor. O melhor ponto de corte da CHII para a detecção de doença grave foi 35 URL, com sensibilidade de 69% e especificidade de 70%. O valor preditivo positivo das alterações compatíveis com lesão de alto grau na CO associado a CHII de 35 URL (unidades relativas de luz) foi de 88,2% para a detecção de NIC 2 ou mais. Já 95,7% das mulheres com lesões de baixo grau na CO e CHII menor que 1 URL não apresentaram lesões histológicas graves. CONCLUSÃO: o melhor desempenho da CHII no diagnóstico de NIC 2 ou lesão mais grave foi encontrado com 35 URL. A associação da CO com a CHII em diferentes cargas virais mostrou valores preditivos positivos e negativos muito altos.