Resumo
. ;:1083-1089
Comparar a eficácia do bloqueio do quadrado lombar (QL) e da morfina intratecal (M) na analgesia pós-cesariana.
Trinta e uma gestantes com ≥ 37 semanas de gestação submetidas a cesariana eletiva foram incluídas no estudo. Eles foram alocados aleatoriamente no grupo QL (12,5 mg de bupivacaína a 0,5% para raquianestesia e 0,3 ml/kg de bupivacaína a 0,2% para bloqueio de QL) ou no grupo M (12,5 mg de bupivacaína a 0,5% e 100 mcg de morfina na raquianestesia). A escala visual analógica de dor, consumo de morfina e tramadol para alívio da dor em 48 horas e efeitos colaterais foram registrados.
A mediana do escore de dor e/ou variação da dor foi maior no grupo morfina do que no grupo QL (p = 0,02). Não houve diferença significativa no consumo de morfina ou tramadol entre os grupos ao longo do tempo. Efeitos colaterais como prurido, náuseas e vômitos foram observados apenas no grupo morfina.
O bloqueio QL e a morfina intratecal são eficazes para analgesia após cesariana. Os pacientes submetidos ao bloqueio do QL apresentaram menores escores de dor pós-operatória sem os efeitos colaterais indesejáveis dos opioides, como náuseas, vômitos e prurido.
Resumo
. ;:640-645
O presente estudo busca identificar os fatores associados que aumentam as taxas de partos cesáreos primários.
Estudo transversal, avaliando o número de cesáreas primárias realizadas nos anos de 2006 e 2018 no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), por meio da coleta de dados nos prontuários das pacientes.
Idade materna avançada, gravidez gemelar e índice de massa corporal (IMC) mais elevado tornaram-se mais frequentes em 2018. Para mitigar o impacto dos fatores de confusão nas comparações entre os grupos, fizemos um ajuste por escores de propensão e detectamos diferenças significativas nas taxas de gravidez gemelar, diabetes mellitus gestacional e doença da tireoide.
Os dados do presente estudo podem ser utilizados para prevenir e melhorar o manejo de morbidades, impactando em melhores resultados na prática obstétrica.
Resumo
. ;:728-735
É sabido o papel do leite materno na saúde física e mental dos bebês e na prevenção da mortalidade infantil. Os benefícios da amamentação para mães e bebês foram comprovados, mas vários fatores podem afetar a amamentação. O parto é um dos fatores mais influentes. Este estudo teve como objetivo investigar o efeito do tipo de parto (parto Natural e cesariana) na amamentação com base no sistema de pontuação agarramento, deglutição audível, tipo de mamilo, conforto, segurar (latch, audible swallowing, type of nipple, comfort, hold, LATCH, em inglês).
Este estudo transversal e observacional foi realizado pelo método do censo entre mulheres que buscaram atendimento no Hospital Afzalipour para parto em maio de 2020; o padrão de amamentação foi completado por observação e in-case, pela lista de verificação do LATCH. Os dados foram analisados usando o programa Statistical Package for the Social Sciences (IBM SPSS for Windows, IBM Corp., Armonk, NY, Estados Unidos), versão 19.0, análise de variância (analysis of variance, ANOVA, em inglês) e o teste estatístico do qui-quadrado.
De um total de 254 partos (127 parto naturais e 127 cesarianas), não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos de estudo em termos de idade, situação laboral materna e peso do bebê, mas houve uma relação estatisticamente significativa entre os tipo de parto, a escolaridade materna e o índice de aparência, frequência cardíaca, irritabilidade reflexa, tônus muscular, e respiração appearance, pulse, grimace, activity, and respiration (Apgar), no primeiro minuto. A pontuação média do padrão de amamentação no grupo do parto natural (9,33) foi maior do que a do grupo da cesariana (7,21).
O tipo de parto afeta desempenho da mãe durante a amamentação, e as mães submetidas a cesariana necessitam de mais apoio e ajuda na amamentação.
Resumo
. ;:374-376
Analisar os efeitos da pandemia de COVID-19 sobre o consumo de equipamentos e produtos de proteção individual (EPPI), assim como a frequência de infecção de sítio cirúrgico (ISC) em pacientes não infectadas por COVID-19 submetidas a cesarianas.
Foi realizado umestudo retrospectivo em umamaternidade de um hospital público de ensino que não fazia parte do serviço de referência para o tratamento do COVID-19. Foram comparados o consumo de EPPI e a ocorrência de ISC após cesárea nos períodos mensais antes e após a ocorrência do primeiro caso de COVID-19 em Porto Alegre, RS, Brasil. O consumo de EPPI foimedido emunidades demáscaras, luvas, aventais e gorros, e o uso de produtos à base de álcool ou de sabonete para higienização das mãos em ml/paciente/dia. O índice SSI foi calculado como a proporção de casos de ISC sobre o número de cesarianas realizadas mensalmente durante o período do estudo.
Houve aumento em todos os itens medidos do EPPI, com o consumo de máscaras descartáveis apresentando uma mediana de 1.450 no período pré-COVID e de 2550 no período pós-COVID (aumento de 75,9%). Detectou-se também diminuição de ISC, com medianas de 1,74 no período pré-COVID e de 0,89 no período pós-COVID, com redução de 49% no valor da mediana.
O aumento do consumo de EPPI pode ser resultado de práticas mais seguras adotadas pelos profissionais de saúde com o advento do COVID-19, do qual a redução na ocorrência de ISC pode ser uma consequência direta. Apesar da gravidade da crise, pode-se afirmar que situações extremas podem gerar reflexões valiosas e oportunidades de melhorias.
Resumo
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O objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade do vínculo mãe-filho em três contextos diferentes relacionados ao trabalho de parto, ou seja, parto vaginal, cesariana eletiva e cesariana intraparto.
Estudo clínico observacional, transversal, realizado em duas cidades do estado de São Paulo, Brasil. A amostra do estudo foi composta por 81 recém-nascidos sem maiores complicações durante a gravidez e o parto, com idades entre 3 e 4 meses, e suas respectivas mães, com idades entre 20 e 35 anos, primíparas, residentes nas cidades de Palmital e Ourinhos, estado de São Paulo, Brasil. A avaliação da qualidade da interação materno-filial foi realizada por meio de análise de vídeo-imagem, utilizando o Protocolo de Observação da Interação Mãe-Bebê de 0 a 6 meses (POIMB 0-6).
Mães que tiveram parto vaginal tiveram maior quantidade de contato visual ou tentativa de contato visual (p = 0,034), melhor resposta ao comportamento social da criança (p = 0,001) e maior sensibilidade (p = 0,007) que as demais. Os filhos também mostraram maior interação com elas, pois olhavam com mais frequência para o rosto da mãe (p < 0,008) e respondiam com mais frequência ao estímulo comunicativo da mãe (p < 0,001).
Considerando a ocorrência do parto vaginal, conclui-se que a interação entre a díade mãe-filho é quantitativamente maior e qualitativamente melhor quando comparada à cesariana intraparto ou eletiva.
Resumo
. ;:448-453
Analisar longitudinalmente as taxas de parto cesáreo em um hospital universitário usando a classificação de Robson.
Foram analisados, por meio da classificação de Robson, dados relacionados a partos realizados entre 2014 e 2018 e armazenados no Sistema de Informações em Saúde Materna e Neonatal (Sismater). Para auxílio, foram utilizados artigos publicados nos últimos cinco anos que abordavam o mesmo tema em outras maternidades
A taxa total de cesárea variou pouco no período; no entanto, alterou-se o perfil de cada grupo ao longo dos anos. Foi possível constatar redução significativa da participação de grupos de contendo gestantes de risco habitual e aumento das gestações de alto risco, atribuíveis à diminuição de leitos na instituição, com maior transferência de pacientes. Além disso, houve uma redução na taxa de cesáreas nos grupos de mais baixo risco, enquanto a taxa dos grupos de risco mais elevado se manteve estável.
A utilização da classificação de Robson para estratificar os partos cesáreos contribui para uma análise melhor das indicações do parto cesáreo, o que permite o estabelecimento de estratégias para a redução das taxas, gerando um impacto positivo na gestão hospitalar e na qualidade assistencial.
Resumo
. ;:682-687
O presente estudo pretende avaliar em que medida a obesidade influencia os desfechos maternos, obstétricos e neonatais em uma população obstétrica portuguesa.
Um estudo caso-controle retrospectivo foi realizado no departamento de obstetrícia de um centro perinatal diferenciado. O estudo comparou 1.183 grávidas obesas com 5.399 grávidas normoponderais ou com baixo peso para a ocorrência de diabetes gestacional, doenças hipertensivas da gravidez e parto pré-termo. Via de parto, peso ao nascimento e admissão na unidade de cuidados neonatais também foram avaliados. Os valores glicêmicos médios foram avaliados e comparados entre os dois grupos, no primeiro e segundo trimestres de gravidez. Apenas as gravidezes unifetais foram avaliadas.
A prevalência da obesidade foi de 13.6%. As grávidas obesas tiveramrisco significativamente superior a ter uma cesariana (odds ratio ajustado [Ora] 2.0, p < 0.001), diabetes gestacional (ORa 2.14, p < 0.001), doenças hipertensivas da gravidez (ORa 3.43, p < 0.001), recém-nascidos grandes para a idade gestacional ou macrossômicos (ORa 2.13, p < 0.001) e menor probabilidade de ter recém-nascidos pequenos para a idade gestacional (ORa 0.51, p < 0.009). Não houve diferença estatisticamente significativa quanto aos partos pré-termo, mortes fetais/neonatais, baixo peso ao nascer e admissão à unidade de cuidados intensivos neonatais. O odds ratio foi ajustado para a idade, número de gestações, paridade, ganho ponderal, doenças hipertensivas da gravidez e diabetes gestacional. A obesidade materna esteve significativamente associada a valores glicêmicos médios superiores, no primeiro e segundo trimestres de gravidez.
A obesidade está associada a maior risco de desfechos adversos na gravidez e neonatais. Este risco parece aumentar progressivamente com o aumento do índice de massa corporal (IMC). A obesidade feminina deve ser considerada um importante problema de saúde pública e que tem repercussões na saúde maternofetal.
Resumo
. ;:363-370
Avaliar os resultados da indução de trabalho de parto e determinar os principais fatores associados à realização de cesarianas intraparto em pacientes do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.
Trata-se de um estudo epidemiológico transversal que incluiu todas as gestantes de feto único e comidade gestacional > 22 semanas, submetidas a indução de trabalho de parto no HU-UFSC no período de 2013 a 2016.
No período proposto, 1.491 gestantes foram submetidas ao protocolo de indução. Em 1.264 casos (84,8%), a indução resultou em trabalho de parto, com 830 (65,7%) progredindo para o parto vaginal. Gestação ≥ 41 + 0 semanas foi a causa mais comumde indicação de indução de trabalho de parto (55,2%),emisoprostol foi o método mais utilizado (72,0%). Nessas gestantes, o índice de cesariana foi de 34,3%. Considerando os casos de falha de indução, o índice de cesariana sobe para 44,3%. Os fatores associados às cesarianas foram: história prévia de cesárea (RP [razão de prevalência] = 1,48; IC [índice de confiança]: 95% 1,51-1,88), fetos com restrição de crescimento intrauterino (RP = 1,82; IC95%: 1,32-2,19), índice de Bishop ≤ 6 (RP = 1,33; IC95%: 1,01-1,82) e tempo de indução < 12 horas (RP = 1,44; IC95%: 1,17-1,66), ou > 36 horas (RP = 1,51; IC95%: 1,22-1,92) entre o início da indução e o parto.
A indução de trabalho de parto foi bem-sucedida na maioria das pacientes. Naquelas em quem o desfecho final foi a cesariana, os fatores mais fortemente associados foram: história prévia de cesárea, presença de fetos com restrição de crescimento intrauterino, e tempos muito curtos ou muito longos de indução.