Resumo
. ;:808-817
Avaliar a eficácia, segurança e aceitabilidade do misoprostol no tratamento do aborto incompleto.
Os bancos de dados PubMed, Scopus, Embase, Web of Science, Cochrane Library e bancos de dados de Ensaios Clínicos (clinicaltrials.gov) foram pesquisados para os artigos relevantes, e estratégias de busca foram desenvolvidas usando uma combinação de termos temáticos de Medical Subject Headings e palavras de texto. A última pesquisa foi realizada em 4 de julho de 2022. Nenhuma restrição de idioma foi aplicada.
Foram incluídos ensaios clínicos randomizados com pacientes com idade gestacional até 6/7 semanas com diagnóstico de aborto incompleto e que foram manejadas com pelo menos um dos três tipos de tratamento estudados. Um total de 8.087 estudos foram selecionados.
Os dados foram sintetizados usando o pacote estatístico Review Manager V.5.1 (The Cochrane Collaboration, Oxford, United Kingdom). Para resultados dicotômicos, o odds ratio (OR, na sigla em inglês) e o intervalo de confiança (IC) de 95% foram derivados para cada estudo. A heterogeneidade entre os resultados do ensaio foi avaliada usando o teste padrão, estatística I2.
Ao comparar misoprostol com aspiração a vácuo médico (MVA, na sigla em inglês), a taxa de aborto completo foi maior no grupo MVA (OR = 0,16; IC95% = 0,07–0,36). Hemorragia ou sangramento intenso foi mais comum no grupo do misoprostol (OR = 3,00; 95%CI = 1,96–4,59), mas a dor após o tratamento foi mais comum em pacientes tratados com MVA (OR = 0,65; 95%CI = 0,52–0,80). Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na aceitabilidade geral dos tratamentos.
O misoprostol tem se mostrado uma opção segura e com boa aceitação pelos pacientes.
Resumo
. ;:113-120
Avaliar o impacto da pandemia de coronavirus disease 2019 (Covid-19) no atendimento de pacientes com aborto espontâneo e interrupção legal da gravidez em um hospital universitário no Brasil.
Estudo transversal com mulheres admitidas por aborto por qualquer causa no Hospital da Mulher Prof. Dr. J. A. Pinotti da Universidade de Campinas (UNICAMP), Brasil, entre julho de 2017 e setembro de 2021. As variáveis dependentes foram complicações relacionadas ao aborto e interrupção legal da gravidez. As variáveis independentes foram período pré-pandemia (até fevereiro de 2020) e período pandêmico (a partir de março de 2020). O teste de Cochran-Armitage, teste do qui-quadrado, teste de Mann-Whitney e regressão logística múltipla foram utilizados para análise estatística.
Foram incluídas 561 mulheres, 376 no período pré-pandemia e 185 no período pandêmico. A maioria das pacientes durante a pandemia era solteira, sem comorbidades, teve gravidez não planejada e optou por iniciar método anticoncepcional após a alta hospitalar. Não houve tendência significativa para mudanças no número de interrupções legais ou complicações. As complicações foram associadas a: falha do método contraceptivo (razão de chances [RC] 2,44; intervalo de confiança [IC] 95% 1,23–4,84), idade gestacional (RC 1,126; IC 95% 1,039–1,219) e preparo do colo uterino com misoprostol (RC 1,99; IC 95% 1,01–3,96).
Não houve diferenças significativas na duração dos sintomas, transporte ao hospital ou tendência de redução do número de abortos legais e aumento de complicações. O perfil das pacientes provavelmente reflete o impacto da pandemia no planejamento familiar.
Resumo
. ;:507-512
Avaliar os fatores associados às complicações em casos de aborto após a implementação da rede de vigilância de boas práticas Mujeres en Situación de Aborto (Mulheres em Situação de Aborto, MUSA, em espanhol).
Um estudo transversal, com mulheres admitidas por aborto de qualquer causa e em qualquer faixa etária, no Hospital da Mulher da UNICAMP (parte da rede MUSA), Campinas, Brasil, entre julho de 2017 e agosto de 2019. A variável dependente foi a presença de qualquer complicação relacionada ao quadro de aborto durante a hospitalização. As variáveis independentes foram dados clínicos e sociodemográficos. O teste de qui-quadrado, o teste de Mann-Whitney, e a regressão logística múltipla foram usados na análise estatística.
Foram incluídas 305 mulheres (média±desvio padrão [DP] da idade: 29,79±7,54 anos). A idade gestacional média foi de 11,17 (±3,63) semanas. A gravidez não foi planejada em 196 (64,5%) casos, 91 (29,8%) devido a falha de contraceptivo. Pelo menos 1 complicação foi observada em 23 (7,64%) mulheres, 8 (34,8%) das quais apresentaram mais de uma complicação. As complicações mais frequentes foram sangramento excessivo e infecção. Os fatores independentemente associados à maior prevalência de complicações foram idades gestacionais maiores (razão de chances [OR]: 1.22; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 1.09 a 1.37) e falha de contraceptivo (OR: 3.4; IC95%: 1.32 a 8.71).
Maior idade gestacional e falha de contraceptivo estiveram associados à maior prevalência de complicações. As informações obtidas pela rede de vigilância podem ser usadas para melhorar o cuidado, particularmente nas mulheres mais suscetíveis a desfechos desfavoráveis.
Resumo
. ;:608-615
Avaliar se existe alguma relação entre os valores plasmáticos de progesterona no dia da transferência de um blastocisto desvitrificado em ciclos hormonalmente substituídos e a taxa de gravidez, aborto ou nascido vivo.
Estudo observacional, ambispectivo, incluindo todos os ciclos de transferência de blastocistos congelados no nosso departamento, entre maio de 2018 e junho de 2019. Avaliou-se a taxa de gravidez e de nascidos vivos após 24 semanas de gestação. Os grupos foram comparados de acordo com os valores de progesterona plasmáticos dosados no dia da transferência do blastocisto: comparou-se o 1° quartil com os outros e depois os 2° e 3° quartis com o 4°.
Avaliaram-se 140 transferências: 87 com β gonadotrofina coriônica humana (β-HCG)>10 IU/L (62%), 50 das quais terminaram em nascido vivo (36% do total), enquanto 37 tiveram um aborto (42% das gravidezes). Verificou-se uma tendência para menor número de recém-nascidos nas transferências com níveis de progesterona no 1° quartil (<10.7ng/mL) (26 versus 39%; p>0.05) e ummaior número de abortos (64 versus 33%; p<0.01). Comparando o 2° e 3° quartis com o 4°, verificouse que nos casos em que a progesterona estava acima do percentil 75, apesar de uma taxa de gravidez semelhante (60 versus 57%; p>0.05), houve uma tendência para uma maior taxa de nascidos vivos (43 versus 31%; p>0.05) emenor número de abortos (28 versus 45%; p>0.05) abaixo do percentil 75. Estas diferenças não foram estatisticamente significativas.
Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas para taxa de gravidez e de nascido vivo. A taxa de aborto foi maior no primeiro quartil.
Resumo
. ;:165-171
Descrever os desfechos obstétricos de pacientes com esclerose múltipla (EM) e o impacto da gravidez e do período pós-parto na progressão da doença.
Uma série de casos realizada entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020, que retrata gestações ocorridas entre 1996 e 2019. As pacientes incluídas neste estudo foram mulheres com EM, que realizam acompanhamento em um centro de referência em EM no Nordeste do Brasil, e que tiveram ao menos uma gestação após o início dos sintomas da EM, ou tiveram o primeiro surto da doença no ano posterior ao parto.
No total, 26 mulheres e 38 gestações foram avaliadas – dentre as quais, 32 resultaram em partos, e 6, em abortamentos. Houve um aumento significativo na prevalência de surtos durante o pós-parto quando comparado com o período gestacional. Em 16 (42,1%) das gravidezes, houve exposição a terapias modificadoras da doença (TMDs) – 14 (36,8%) a β-interferona, e 2 (5,3%) a fingolimode. As taxas de abortamento, prematuridade e baixo peso ao nascer foram mais elevadas no grupo exposto às TMDs quando comparado com o não exposto.
Na amostra deste estudo, houve um aumento significativo na taxa de surtos da EM durante o período pós-parto quando comparado com o período gestacional. Além disso, a exposição às TMDs durante a gestação pode afetar os desfechos obstétricos das pacientes.
Resumo
. ;:793-799
Descobrir qual foi a opinião dos residentes em ginecologia e obstetrícia sobre as vantagens e desvantagens do aborto medicamentoso em relação aos procedimentos cirúrgicos.
Estudo multicêntrico transversal entre residentes de ginecologia e obstetrícia de 21 maternidades localizadas em 4 diferentes regiões geográficas do Brasil, utilizando um questionário autorrespondido com 31 questões relacionadas à sua opinião e experiência na prestação de serviços de aborto.
A maioria dos residentes concordou que "ser menos invasivo" (94,7%), "não necessitar de anestesia" (89,7%), "poder ser acompanhado durante o processo" (89,1%), "prevenir trauma físico" (84,4%) foram as principais vantagens do aborto medicamentoso.
Os residentes perceberam tanto questões clínicas como pessoais como sendo vantagens do aborto medicamentoso.
Resumo
. ;:417-424
A emergência provocada na saúde pública internacional por causa do vírus Zika trouxe à tona a discussão do aborto em casos de síndrome congênita de Zika. Portanto, propomos a realização de uma revisão bibliográfica sobre o aborto nesses casos. Foram pesquisados cinco bancos de dados utilizando os seguintes termos: aborto, aborto espontâneo, e zika, com interposição do operador booleano “E”. Na literatura selecionada, encontramos referências à falta de informações sobre os riscos e a gravidade da síndrome congénita de Zika, bemcomo ao grande sofrimento psicológico de mulheres grávidas e ao risco de aborto inseguro como justificativa para o aborto em casos de síndrome congênita de Zika. No entanto, é necessário ter testes disponíveis que possam diagnosticar, no primeiro trimestre da gravidez, que o feto foi afetada pelo vírus, e que ele pode ter limitações importantes, para subsidiar a discussão qualificada sobre o aborto nesses casos.
Resumo
. ;:309-312
Estudar a estrutura damortalidadematerna causada pelo aborto na região de Tula.
Os registros médicos de mulheres grávidas falecidas, de parto e de pósparto, de 01 de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2015, foram analisados.
No geral, 204.095 casos de aborto foram registrados na região de Tula, em um período de 15 anos. A frequência de aborto foi reduzida a 1/4, passando de 18.200 abortos em2001 para 4.538 em 2015. A taxa de abortos a cada 1.000 mulheres (com idades entre 15 e 44 anos) diminuiu 40,5% em 15 anos, isto é, de 46,53 (2001) para 18,84 (2015), e a taxa de abortos a cada 100 nascidos vivos e natimortos foi de 29,5%, isto é, de 161,7 (2001) para 41,5 (2015). Cinco mulheres morreram de complicações do aborto que começaram fora do hospital, o que representou 0,01% do número total. No quadro geral de causas de mortalidade materna neste período de 15 anos, o aborto representou 14,3% dos casos. A letalidade ocorreu, principalmente, no período de 2001 a 2005 (4 casos). Entre as mortes maternas, muitas mulheres morreram em áreas rurais após a interrupção da gravidez, com 18 a 20 semanas de gestação (n= 4). Além disso, três mulheres morreram por sepse, e duas, por sangramento.
Com a introdução de tecnologias de planejamento familiar modernas e eficazes, a mortalidade materna devido ao aborto vem sendo reduzida.